domingo, 23 de maio de 2010

Carta I
Tentando explicar é que me confundo. Talvez me direcione tortuosamente e será sempre assim até o momento em que, decididamente, eu fique mudo para não criar padrões equívocos na sua cabeça: sinal de respeito às suas regras. Então me ajoelho.

Comecei a ler mesmo com doze anos, disse, vou dar uma chance aos livros e ver o que eles têm a dizer, desde então eu consumo livros para me salvar, porque cada frase, verso que me identifico é semelhante levar uma machadada na cabeça, só não se sangra, do resto, sente-se a dor e um apelo da humanidade visionando um resgate. Fecho o livro por uns minutos e imagino uma saída para superar e continuar a leitura.

Como The dreamers do cineasta Bernardo Betolucci, fiz dos livros a cinefilia dos seus personagens que confundiram a tela ao ponto de não saberem seu papel fundamental no cotidiano, absorveram outros personagens e viveram numa mistura de atos e tragédias.

Prêmio Blog de Ouro

Fiquei lisonjeado ao receber o Selo Prêmio Blog de Ouro de Paulo Sérgio Zerbato, do Blog
A Arte de Paulo Sérgio Zerbato. Agradeço a ti e a todos que lêem o blog . poe M arte ., afinal, é feito para vocês.

Perguntas e respostas:

1) Por que acho que mereci o prêmio?

Pela minha dedicação ao blog.

2) Na minha opinião, qual postagem do blog é o que mais merece receber este selo?

As postagens referentes à série Derrames, pois percebi que muitos leitores se identificavam com a linguagem poética.  Como disse Paulo Vítor Cruz: Derrames foi uma boa viagem... daquelas que não dá vontade de retornar...

3) Do blog que me indicou, o que mais me agrada? Ele mereceu este prêmio?

Sem dúvida que o blog do Paulo Sérgio Zerbato mereceu o recebimentos deste, porque a sua arte é construída a partir de algo que simpatizo e tento fazer neste blog, aliar as artes Visuais à linguagem escrita, literária, poética; Paulo Zerbarto, expõe aos seus leitores os processo de criação, dos aforismo literários, constrói uma arte contemporânea engajada às necessidades tanto subjetivas quanto objetivas do ser humano.  

Os blogs que indico:

  1. Frutos podres de uma imaginação febril – Paulo Vítor Cruz
  2. Vocàbulah – Ramon de Alencar
  3. Cabo da Boa Tormenta – Pedro Ludgero
  4. ET CETERA – Et Cetera
  5. 1, artigo indefinido - ccauan
  6. Mon Bateau – Lívia
  7. Entre o que há – Resiliência
  8. Com dizer – Thalita Castello Branco
  9. CAOS DE INVERNO – Gérson de Oliveira
  10. Lavoura de fumo – LRP


Abraços,

Rafael Costa ; )

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Re-originando as espécies

Deveria emergir Hefasto*
para pôr fogo nas montanhas,
erigir nuvens tóxicas;

salvaguardando as águas, sobre elas e acima,
veja-se o pó.

- Saberá o platelminto que Darwin já lhe impôs uma tarefa?

*Hefaísto

terça-feira, 18 de maio de 2010

Derrames (Edição completa)

Derrames

Se soubesse que te traio pelo cheiro
e pelo nariz vou sentido peles estranhas
mesclando-as ao meu faro
consumindo-as num contato lépido e displicente
forma de vazar meu desejo pelos outros
sem que o note.
porque meu desejo é sempre mais que um
e o meu amor aspira compreender
a totalidade dos homens.

- um -

Mil atrevimentos me corrompem a boca.
Corrompida,
planto sarceiros
discuto com vizinhos
assisto ao futebol
fumo carteiras de cigarros
tomo uma cervejinha
mas, se mesmo assim perder
vou para o tira-teima
apelo com outras armas
troco escopetas
por empates de beijos.

- dois -

Se não te mato de vez
com um só disparo
é por covardia cotidiana.
Matar aos poucos é menos injusto comigo
menos temerário e me justifica
e não me força arrependimentos
quando te morreres de vez.
quando te morreres de vez
fraqueza última e virgem

saiba, que te matei sempre
mas a decisão sempre foi sua.

- três -

A partir do terceiro passo
já é rotina
a partir da segunda garfada
o gosto familiar
e o que acomete esse poema é sua ausência
misto de saudade, carência e colheres de piegas
angústia de instante
derrame
e no fim do quarto passo
já é tudo mentira
me contento ou me adapto:
quem ama nunca perde.

- quatro -

Depois de ti,
perdi o jeito pro sexo
mordidas equívocas
penetrações incômodas

das sobras:
a disritmia do verso

porque antes segurávamos
a beleza do mundo sobre nossos púbis
e amar se descrevia como nuvens de pêlos

estrelas cadentes, abstrações sentidas
que hoje se descartaram.
Por lembrança te culpo
que não fodo como antes,
sendo angústia
ainda te espero com sensações velhas.

- cinco -

Dessa vez
quero ser o que parte
e não o que espera,
é o transeunte aqui
vestido de mágoas
malfadando a sua sorte
sobre um pequeno
derramencanto