pé no chão, coluna quase ereta e ajustada enquanto a fantasia corre solta numa hipocondria cerebral. aprendi essa com o Baudrillard. é quase um descontentamento em pensar numa única coisa com tanta coisa para ser pensada, e pensada rápida e com muito interesse mas desinteressado. Pensamento reconhecido em vício! Em compensação, aceito o floreio da ideia de que tenho uma vontade incontida de pulverizar a mente em vários assuntos, assuntozinhos desconexos fodidos que evitam que eu siga em mim, centrado como um pequeno buda fazendo o meu rolê. clico! rolo páginas web (várias abas), um dedilhar cibernético entre lazer, prazer e trabalho, muito além do mouse. estou conectado em interesses múltiplos sociais. Sexo. penso em me masturbar sem sequer de fato sentir qualquer interesse em me masturbar naquele momento. até o tesão é pulverizado fortuitamente por um perfil qualquer. enredos longos de foda, de você abrindo a porta como um estranho tirando sua roupa de profissional retórico de encanador a médico, ou vagabundo, (mas fálico e duro), agora só fálico e duro e penetrante numa foto, ou videos de um minuto ou cobertura completa no onlyfans. o que faz você seguir adiante na serendipidade da deep web: mais uma foto, mais um perfil, mais um minuto, de todos os tipos, de todas as formas, de todos os jeitos. quem sabe um compilado de trinta minutos de cumeating e a seguir a puríssima ejaculação precoce de tags. o algorítimo imagético venceu.
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segunda-feira, 23 de março de 2020
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
Pornô XVII
antes do gozo tudo me serve. a não tão loucura imaginada de esporrar sobre a minha barriga e peito e me esfregar com as mãos, então dormir todo melado. ou de foder de pé, em que você mantem um pé apoiado no chão, o outo suspenso pelo joelho dobrado sobre a cama aguardando a penetração (acoplo). ou a transa com milhões de homens e mulheres, uma suruba infinita de infinitos corpos, de infinitos fetiches desdobrados em putaria que se vende na internet. a verdade é que depois do gozo fica tudo perdido, você corre pro banho tirar a meleca da porra do corpo, o sexo em pé termina em conchinha e o hiperrealismo da suruba vai sendo adiado por mais um pouco.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Pornô XVI
Já fui de transar com qualquer um,
hoje transo com desconhecidos,
apenas desconhecidos.
Desconhecidos de um dia ou de um ano.
De anos talvez?!
Até agora o mais desconhecido tinha 26 anos,
Foi quando transei comigo mesmo;
Toquei em partes que delas nunca imaginei
Extrair prazer.
Riem de mim os que namoram,
Os que se conhecem, os que só transam com conhecidos,
Os seguros de si...
iludidos!
hoje transo com desconhecidos,
apenas desconhecidos.
Desconhecidos de um dia ou de um ano.
De anos talvez?!
Até agora o mais desconhecido tinha 26 anos,
Foi quando transei comigo mesmo;
Toquei em partes que delas nunca imaginei
Extrair prazer.
Riem de mim os que namoram,
Os que se conhecem, os que só transam com conhecidos,
Os seguros de si...
iludidos!
domingo, 10 de janeiro de 2016
Pornô XV
Sim,
Dizer que o amei desde então
Desde nossas vistas encontradas
Sem saber se ali morava prazer
Dizer que o amei desde então
Desde nossas vistas encontradas
Sem saber se ali morava prazer
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
Pornô XIV
O apartamento vazio. Só o meu nonsense e o conselho do meu amigo ocupando o espaço entre paredes-intracranianas: ”Foda num apartamento vazio, parece que você está fodendo com várias pessoas ao mesmo tempo!”. Sim, basta outro corpo para que queiramos vários outros corpos em núpcias. Porque deveras tudo se multiplica: os gemidos reverberam em ecos, o cheiro manifesta-se evolado como fumaça de incenso e tudo o que é fluído apresenta-se como veios, vertentes d’água brotando e intumescendo abundantemente o que penetra e o que será penetrado. Nos percebemos submersos, inundados, confundidos em líquido; depois somos jogados pela arrebentação numa encosta rochosa e permanecemos lá, também rochosos, até recuperarmos os sentidos e nos compreender separados, únicos, num apartamento vazio.
Pornô XIII
Ele disse que ia perder a virgindade do cu comigo, exprimi um sorrisinho cínico e hipócrita que refletia meu pensamento: vai ser minha putinha! Vou arregaçá-lo, deflorá-lo, desbravá-lo, tirar a sua pureza com meu pênis, com minhas mãos, com meus pés (o pé do anjo por baixo da saia enquanto Santa Tereza se extasia)... mas o mais importante é a penetração do pênis desconsiderando qualquer sinal de dor, impondo-lhe toda a minha macheza, porque serei ativo e ele passivo, meu passivo e minha putinha, inferior a mim, mulherzinha de macho.
Já era alta a noite e buscamos um hotel no centro da cidade. Subimos uma escadinha de um hotel que cobrava cinquenta reais a pernoite. Ele ficou de costas esfregando sua bunda no meu pau e todo o seu corpo trejeitado para me seduzir, mas meu pau não levantou, brochei. Então ele me tomou e jogou na cama, baixou as calças e me meteu seu pau enorme sem que eu tivesse escolha, sem que eu pudesse dizer o que sentia, sequer me beijou ou disse coisas carinhosas. Ele gozou e eu chorei.
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Pornô XII
Quando pequeno, minha mãe recomendava indagando aos gritos, de onde estivesse, se eu já havia lavado bem atrás da orelha; e a voltinha da cabecinha do pintinho, e a bundinha? Sim, sim, sim. Estão bem lavados. Como se nessas partes habitasse toda a sujeira do mundo, derivações da cloaca máxima. Outro dia, minha tia descobriu toda a sujidade possível que um umbigo podia conter quando subiu minha camiseta e aproximou seu nariz para dar uma fungada. Repreendeu a minha mãe: “tá fazendo vista grossa com o umbigo do menino?”. Pegou um cotonete com água e sabão e o cutucou. Cutucou as pequenas canaletas acumuladoras e retirou a sujeira. Semanalmente minha mãe inspecionava meu corpo, os meus orifícios, as minhas voltas e dobras, porque filho dela não podia andar feito gato que tem medo d’água. Consequentemente, outras partes do corpo ganhavam atenção diante dos seus olhos. Lavou bem entre os dedos filho? E o sovaquinho? Sim, sim, sim, sim! Estão bem lavados, desencrostados, desensebados. Ah, desensebados! Era tão limpinho que durante a minha infância e adolescência meus primos me apelidaram de sebinho, e durante o mesmo período, passei mais tempo debaixo d’água a me desensebar do que brincando. Escrevo isso na tentativa de me libertar, porque maior é a frustração: quando tirei o pau da cueca, toda aquela ansiedade de um pau duro e babado, pronto para receber um boquete da garota que estava ajoelhada. Ela aproximou sua boca e nariz, exatamente como a minha tia e exclamou: que pau limpinho... nem tem cheiro de pau! Meu pau foi amolecendo dentro da sua boca e não pude fazer mais nada. Pior que reprimir o choro, é reprimir o gozo.
domingo, 8 de março de 2015
Pornô IV
“Bando de caretas”
“Quem?”
“Os naturistas...”
“Pq?”
“Dizem que no Candomblé Exu se manifesta de pau duro”
“E...?”
“Na praia de nudismo você não pode ficar de pau duro”
“Ah...”
“Nunca fui, mas é a imagem que vendem”
Pornô IX
De uma hora para a outra o seu maior medo era descobrir-se viado. Começou a ter sonhos com amigos lhe enrabando, lhe consolando com beijo na maior intimidade: nunca mais foi o mesmo. No vestiário, escondia-se atrás das portas, escondia-se em toalhas, escondia-se com as mãos, escondia-se basicamente: uma barreira intransponível de bastante espuma nos pentelhos para esconder o pau e a bundinha... e o desejo: o possível despertar do seu corpo diante de corpo igual; pior, que o desejo viesse dos outros e não soubesse conduzir sem dar pinta: se na camaradagem, viado; se agressivo, homofóbico, viado. Sem escapatória. Duchas sem divisórias, meias-paredes, tapumes de corpo. Aonde se esconde o desejo? Sentiu-se terrivelmente amado, terrivelmente desesperado, terrivelmente excitado. Só podia ter virado viado! Tudo isso, todo esse medo, essa dúvida, surgiu porque há dois meses teve uma constipação que o deixou quatro dias sem defecar. Quando finalmente defecou, ficou extremamente excitado imaginando que alguma coisa o penetrava, que alguma coisa o comia e intensificava a sensação de prazer a ponto de fazê-lo gozar... gozou sem tocar no pau.
quinta-feira, 5 de março de 2015
Pornô XI
Há um jeito mais ou menos másculo, ou polar, mais ou menos feminino de se dormir? Ou corpo que distendido pela forma macho fêmea aparenta fêmea macho? Como o corpo que se dá a imagem, a pergunta que ao perguntar responde: pretensioso!? Tava tirando a sobrancelha, cenho não franzido, uma placidez instaurada a cada fio pinçado – ‘Tens que limpar a sobrancelha, teu olhar tá muito carregado... só uma limpadinha, pra não ficar muito feminino’ - parte da minha expressão delicada medida e pinçada, porque hoje em dia, tudo é milimetricamente medido e pensado; um fio a mais ou a menos torna-se argumento suficiente aos maledicentes, que são também os de boca santa: ‘Parece uma bichinha!’ Ou – ‘Nossa, que diferente que ele tá... um olhar mais complacente!’. Duvido muito que saibam o significado de complacente, então, como poderão elogiar com palavra tão sóbria e culta, e mais, por que desejaria tal elogio tão distante de corpo? Pincei alguns fios a mais, queria algo sincero, um xingamento – ‘Oh, bichinha da sobrancelha fina!’ – como se alguém inesperado a qualquer momento pudesse adentrar o quarto e me tivesse fêmea macho de sobrancelha feita; olhar delicado de corpo desejoso outro corpo repousados sobre o travesseiro numa imobilidade pretensiosa de ser libido sendo macho sendo fêmea.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Pornô III
“Não, essa posição pode machucar!”. Prestes a dar uma boa cavalgada no pau dele, com o cuzinho lubrificado de cuspe, ardendo de tesão, ele me fala isso: “não, essa posição pode machucar! Não viu a pesquisa que eu te enviei ontem? Notícia da Folha, de ontem” enquanto acomodava minhas nádegas em suas coxas para prestar atenção às hipocondrias dele “metade das lesões no pênis decorrem da posição cowgirl” dois homens numa suíte de motel revestida com espelhos, brinquedinhos sobre o aparador, ‘eu cowgirl?!’ “a posição missionário e a de quatro também podem lesionar o pênis” descolei a bunda dalí, não ia perder aquele cuspe todo. Me dirigi ao aparador e catei o brinquedinho “o que você tá fazendo?” abri o brinquedinho, tinha o nome de John, durinho, 23 cm; o apoiei num banquinho, e sentei no John, olhos fixados no espanto do jornalista: vagarosamente sentei gostoso exprimindo um gemido e perguntei “esse aqui também lesiona?”
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