sexta-feira, 11 de junho de 2010
Monólogo
Depois de assistir aqueles desenhos japoneses em que a disciplina só é obtida através de rigidez e violência livre, sinto sempre uma necessidade incontrolável de levar uma boa surra pra ver se me enquadro, ou como dizem, vê se eu tomo prumo na vida.
Últimas cartas - III, IV
A seguir as duas últimas cartas escritas. Postarei ambas por dois motivos: estou sem internet em casa, o que dificulta manter o blog atualizado sempre; outro, é por revolta mesmo. A ilustração do post virá depois. Outra coisa, obrigado a todos que continuam visitando o |poemarte. Abraços, rafa.
Carta III
Maturidade é saber lidar com as incertezas.
Carta IV
deve ter sido assim que Mário Quintana foi assassinado pela primeira vez e depois vezes e vezes.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Direito à mentira
Só estou tentando dar pernas longas as minhas mentiras
pra que possam burlar pontes
que se atravessam na frente.
Não quero verdades,
só quero na superfície
a alegria de quem apenas não sabe
e continua vivendo.
pra que possam burlar pontes
que se atravessam na frente.
Não quero verdades,
só quero na superfície
a alegria de quem apenas não sabe
e continua vivendo.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Derramencanto
- Derram encanto -
Por alinhavar esperas
rasguei minha partida
com símbolos mágicos.
Fiz pacto com incubus,
os filhos de Príapo,
e humanamente
fui surpreendido num encanto.
- Derramen canto –
Era encanto irisado de volúpia
sentido no sexo do incubus
névoa composta
feito filme de terror.
Cada vez que
insurgido e estridente que
meu canto se abria,
era retorno às coisas terrestres.
- Derram en canto -
en entre,
justa a palavra entre
significado estrito
de entreposto, meio
:
depois de ter sido humano
não se pertence nem
a Terra e nem ao transcendente
é-se puro en meio.
- Derrame ncanto -
Ritualizo
Falo de ladainhas metafísicas
porque teu resto ficou em mim.
Encostado,
evoco-te no próximo espírito
e tudo segue e tudo volta
nada além, nada aquém
simples derrame, simples humano,
simples sentimento que não se esvai.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
vício
Adquiri o hábito de tirar lascas das caixas de fósforo e chupá-las depois, nem tem gosto, mas tem textura melhor que a da goma de mascar, e dá maior liberdade à língua e aos dentes. E só troco quando vai se desmanchando em outras pequenas lascas e paro quando satisfeito.
Troquei um vício por um, aparentemente inócuo: não sei viver sem concretizar o tempo ocioso em matéria visível.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Choro
A dor é insuportável
até que chegue aos olhos
e exploda em lágrimas.
Choro não é descontrole
fraqueza ou vitimização.
Choro é desabafo;
uma hora você se enternece
e volta a sonhar sem os ufanismos
de outrora.
terça-feira, 25 de maio de 2010
itinerário
Sou corajoso, corajoso, corajoso, repito isso para ver se corroboro na minha mente a força que preciso restituir o mais rápido possível antes que venha fenecer. Nos últimos tempos, fui alvo da vida conturbada que só quem cresce pode ser atingido. Não é porque comi do que não deveria, aliás, é também por isso, mas são milhões de esperanças que se tornam desfeitas num estalo.
Talvez porque faça de cada sonho um deus, mas saiba que cada deus eu travesti de ideais puramente humanos e interpelo por alguém que me diga que ainda é possível seguir depois de tantas lutas. Disseram-me para ter calma que são infinitas as possibilidades. Mas até quando o infinito, teimosamente, reservar-se-á a me dar uma única possibilidade?
Foi o amor que por itinerário, não vingou; os amigos que mais me compreendiam, partiram; tudo por culpa de itinerários. Uns disseram, hoje não dá porque viajo, passei no vestibular e estou de mudança. O problema é que todos mudam de cidade ou personalidade mesmo, só eu que permaneço tão oco e triste quanto antes.
Tenho pena das mães, somos os únicos animais que não sabemos lidar com as percas, os outros ensinam o ofício e abandonam suas crias e seguem em ordem, mas nós humanos, somos desraigados e o que fica é a miserável saudade, a impotência.
Carta II
Meu caro,
Não sou tão rude e vil quanto imagina. Também, nem tão avoado no mundo que criei. É certo que muitas vezes o subjetivo se confundiu nas atitudes que adotei, mas veja, foram mínimas. Cada ser possui gatilhos de sobrevivência e age em cima deles, e você diria que isso não justifica nada no convívio social.
Beijo,
Rafa.
domingo, 23 de maio de 2010
Carta I
Tentando explicar é que me confundo. Talvez me direcione tortuosamente e será sempre assim até o momento em que, decididamente, eu fique mudo para não criar padrões equívocos na sua cabeça: sinal de respeito às suas regras. Então me ajoelho.
Comecei a ler mesmo com doze anos, disse, vou dar uma chance aos livros e ver o que eles têm a dizer, desde então eu consumo livros para me salvar, porque cada frase, verso que me identifico é semelhante levar uma machadada na cabeça, só não se sangra, do resto, sente-se a dor e um apelo da humanidade visionando um resgate. Fecho o livro por uns minutos e imagino uma saída para superar e continuar a leitura.
Como The dreamers do cineasta Bernardo Betolucci, fiz dos livros a cinefilia dos seus personagens que confundiram a tela ao ponto de não saberem seu papel fundamental no cotidiano, absorveram outros personagens e viveram numa mistura de atos e tragédias.
Prêmio Blog de Ouro
Fiquei lisonjeado ao receber o Selo Prêmio Blog de Ouro de Paulo Sérgio Zerbato, do Blog
A Arte de Paulo Sérgio Zerbato. Agradeço a ti e a todos que lêem o blog . poe M arte ., afinal, é feito para vocês.
Perguntas e respostas:
1) Por que acho que mereci o prêmio?
Pela minha dedicação ao blog.
2) Na minha opinião, qual postagem do blog é o que mais merece receber este selo?
As postagens referentes à série Derrames, pois percebi que muitos leitores se identificavam com a linguagem poética. Como disse Paulo Vítor Cruz: Derrames foi uma boa viagem... daquelas que não dá vontade de retornar...
3) Do blog que me indicou, o que mais me agrada? Ele mereceu este prêmio?
Sem dúvida que o blog do Paulo Sérgio Zerbato mereceu o recebimentos deste, porque a sua arte é construída a partir de algo que simpatizo e tento fazer neste blog, aliar as artes Visuais à linguagem escrita, literária, poética; Paulo Zerbarto, expõe aos seus leitores os processo de criação, dos aforismo literários, constrói uma arte contemporânea engajada às necessidades tanto subjetivas quanto objetivas do ser humano.
Os blogs que indico:
- Frutos podres de uma imaginação febril – Paulo Vítor Cruz
- Vocàbulah – Ramon de Alencar
- Cabo da Boa Tormenta – Pedro Ludgero
- ET CETERA – Et Cetera
- 1, artigo indefinido - ccauan
- Mon Bateau – Lívia
- Entre o que há – Resiliência
- Com dizer – Thalita Castello Branco
- CAOS DE INVERNO – Gérson de Oliveira
- Lavoura de fumo – LRP
Abraços,
Rafael Costa ; )
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Re-originando as espécies
Deveria emergir Hefasto*
para pôr fogo nas montanhas,
erigir nuvens tóxicas;
salvaguardando as águas, sobre elas e acima,
veja-se o pó.
- Saberá o platelminto que Darwin já lhe impôs uma tarefa?
*Hefaísto
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