quarta-feira, 30 de abril de 2014

Outra bostinha de poema

Antes que abril vire maio
E alguém diga que eu não disse nada
Sobre o fim de abril
Nem do começo de maio

Ta aí, 
uma bostinha de poema

Totalmente despretensioso
Pra dizer que é só o fim de abril
E o começo de maio
Que se repetirá, repetirá, repetirá...

mas com feriado. 
XD

Uma bostinha de poema, é isso que você é

Gosto de dentes bem escovados
Lápis sempre bem apontado
A lapela bem ajustada
O branco bem alvejado
O preto não desbotado
A barba bem feita
Sem açúcares ou cereais refinados
Tudo integral e moderado
Para não irritar o intestino
(Gases, dores de barriga e uma barriga protuberante
Causam desgosto.)

um trabalho um tanto engajado
Apartamento quitado
Carro e moto na garagem
Um namoro sadio
Sem brigas e sexo moderado
(só com amor)
Festas, só as de família
Não aos cigarros, às bebidas destiladas
Às drogas pesadas
No máximo uma xícara de café preto pra acordar
E um baseadinho nos finais de semana
Pra organizar o pensamento
Também
pros amigos não dizerem
“Careta”

Uma vida bem regrada
Nem muito nem pouco
redundantemente
Só o necessário
Pra não confundir a necessidade
Com o desejo
E me por animalizado
atrás de coisa alheia.

terça-feira, 22 de abril de 2014

desajustados

Um não lugar vaga
Orbita entorno ao meu corpo
E dos outros corpos.
Os outros corpos
Nos seus não lugares devidos

Perdidos
Mas seguidos
Por outros

Alguém diz:
Eu sinto o mesmo!
Sentindo o mesmo
Percebemos o nosso não lugar
Entendido e compartilhado
Tornando-se um lugar

O lugar dos desenquadrados
Dos desajustados

Dos desqualificados

de longe o teu aceno reverbera no meu corpo

Faz de mim risível
A tua boca cheia de dentes
Diante ao meu olhar
Apiedado e mortiço

Acena de longe o teu descaso
A tua amizade por mim

Faz de mim só desesperança
De por ti não me ser realmente visto ou
Tocado
.

tão logo, quero solidão

A solidão aporta como uma intrusa.

Desestabiliza-me.

É sempre uma luta entre a liberdade e a companhia.
A liberdade que me dá tudo
Mas não me dá corpo
O corpo que me dá companhia
E tão logo o desassossego
de não me querer mais em companhia;
nem os cafés-da-manhã, os bombons, os pratos elaborados
os vinhos sofisticados
nem o resto depois do sexo.
Acho tudo um excesso!

Só me penso lavado e deitado
Refestelando-me
Com um travesseiro entre as pernas.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

coordenadas

A primeira porta à esquerda
Fica fácil
Entro sem titubear
O pensamento desanuviado
Não há erro
Ali é o banheiro

Seguindo pelo corredor
Vire à direita
Depois à esquerda
Siga reto
É a terceira porta à direita

Titubeio

O corredor escuro
Bifurcado
Encruzilhada de feitiço
Olhos vendados
Corpo desavisado

A porta à direita
Uma forca sobre o cadafalso
Um grande abismo aberto sob meus pés

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Cena

Peraí que tu é meu

Se virou
me pegou pelo braço
me arrastou d’ali

Tivemos uma noite juntos.

Foi isso.

terça-feira, 8 de abril de 2014

superstição III e IV

III

Imagine se o amor fosse um amuleto?
Um patuá, uma garrafada?
Quartzos rosa
Pesando-lhe os bolsos?

Tudo bobagem.

O que ele acredita
É em boas “vibrações”.

IV

“Coloco calcinha rosa, amor?!”
“Vermelha, paixão?!”
“Põe rosa com lacinho vemelho.
Mergulha no espumante docinho
e vem molhadinha
que dá sorte pra nós!”

contrassenso

De 
tanto 
me 
prevenir


Passo 
a vida 
me 
remediando  

Auto-ajuda-me

Por vaidade
Ressentimento
E orgulho

A gente insiste no verso
E gera frustração

sábado, 5 de abril de 2014

Superstição

II

Saio ferido.

Nunca fui um amuleto
muito menos escudo
e toda vez que lhe digo isso,

(a verdade)

ele me tira do seu pescoço
apela aos santos,
ao olho grego
à figa

só não apela ao nosso amor
porque não acredita nesse
tipo de superstição