meu EU dedilha palavras,
corrompe parentescos
ao tentar liga
no teu sangue alheio.
e tudo em mim
confundido em ti
será impróprio em nós
e a seguir seremos
seqüestros
impiedades
contravenções.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Intento - II
Ser humano de rasgar-se
na incorporação,
de quase cuspir o santo
e resgatar a incoerência primitiva
do êxtase.
na incorporação,
de quase cuspir o santo
e resgatar a incoerência primitiva
do êxtase.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
A dúvida agora é o princípio do molde e do gesto. O primeiro corte umbilical se deu quando? Partiu da idéia de separar-se da cria? É como atirar em alguém, há uma bala, há um revólver, há um gatilho, há uma vítima e há um assassino, dito, há um homicídio. Antes de tudo isso, há um outro antes que supostamente já teria assassinado e esse é o início. Penso em matar, já matei, engatilho, estouro, mato. E não há nada o que se entender ou julgar. Escrever é tão primitivo quanto a própria idéia de primitivo, que talvez seja tão recente quanto Cristo. E foi Deus quem disse: sois primitivos, chimpanzés, ainda está na fôrma os verdadeiros humanos. Assim aceitaram e assim continuaram vivendo primitivamente. Depois disso vieram pomposos e evoluídos e humanos trucidar os chimpanzés porque neles não se reconheciam.
sábado, 16 de outubro de 2010
Intento
Dei ao desejo um pedaço de fita negra
e fiz feitiço na festa de santo.
Diziam-me:
teu corpo é Rei, dança...
lança pedra no fundo do poço,
liba a terra com pinga,
acende charuto,
pede benção
e sê terreno
que é de corpo
que Deus vive.
e fiz feitiço na festa de santo.
Diziam-me:
teu corpo é Rei, dança...
lança pedra no fundo do poço,
liba a terra com pinga,
acende charuto,
pede benção
e sê terreno
que é de corpo
que Deus vive.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Hilda Hilst - SONETOS QUE NÃO SÃO
1
Aflição de ser eu e não outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
e à noite se prepara e se advinha
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
e à noite se prepara e se advinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha).
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha).
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
-blog em recesso-
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Tchello d'Barros - Olhos Nus
...
BUT
NOW
YOU
HAVE
SEX
IN
THE
NET,
IT'S
THE
LOVE
HI-
TECH.
http://www.tchellodbarros-poesiavisual.blogspot.com/
BUT
NOW
YOU
HAVE
SEX
IN
THE
NET,
IT'S
THE
LOVE
HI-
TECH.
http://www.tchellodbarros-poesiavisual.blogspot.com/
- blog em recesso -
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Adélia Prado
Sensorial
Obturação, é da amarela que eu ponho.
Pimenta e cravo,
mastigo à boca nua e me regalo.
Amor, tem que falar meu bem,
me dar caixa de música de presente,
conhecer vários tons para uma palavra só.
Espírito, se for de Deus, eu adoro,
se for de homem, eu testo
com meus seis instrumentos.
Fico gostando ou perdôo.
Procuro sol, porque sou bicho de corpo.
Sombra terei depois, a mais fria.
Obturação, é da amarela que eu ponho.
Pimenta e cravo,
mastigo à boca nua e me regalo.
Amor, tem que falar meu bem,
me dar caixa de música de presente,
conhecer vários tons para uma palavra só.
Espírito, se for de Deus, eu adoro,
se for de homem, eu testo
com meus seis instrumentos.
Fico gostando ou perdôo.
Procuro sol, porque sou bicho de corpo.
Sombra terei depois, a mais fria.
- blog em recesso -
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Sandra Heck
I
Noto
mas não anoto
por isso me esfolo
choro
Noto
mas não anoto
Anotaria
se quisesse terminar
fatos e atos
pra superar,
não quero findar
quero dúvidas pra continuar
Anotaria
se pudesse parar.
*Sandra Heck é uma poetisa da cidade de Blumenau - SC.
**Poema retirado do livro Blumenália Poética 2
Noto
mas não anoto
por isso me esfolo
choro
Noto
mas não anoto
Anotaria
se quisesse terminar
fatos e atos
pra superar,
não quero findar
quero dúvidas pra continuar
Anotaria
se pudesse parar.
*Sandra Heck é uma poetisa da cidade de Blumenau - SC.
**Poema retirado do livro Blumenália Poética 2
-blog em recesso-
sábado, 25 de setembro de 2010
Hilda Hilst - Do Desejo - Poema I
FOTO RETIRADA DE PORTAL CULTURA HILDA HILST
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.
- blog em recesso -
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Vacalharia
Estamos todos em recesso? ou vazios de algo? Me exauriram as peles e foi tudo "vacalharia" grotesca. Vontade mesmo é o de ser regional, contar causos, mas ouvir mais.
Cumpadres discutiam a existência do Diabo e Atanázio com toda sua crença, disse que se Ele aparecesse se borrava nas calças ou caía duro no chão. Passados dias, na escuridão regional do Campo Belo, Atanázio já bem acomodado na sua casa foi surpreendido por batidas na porta:
- Quem é?
-Sou eu.
-Eu quem?
-Aquele, que você tem medo!
Por inocência ou gratidão ao que acreditava, pôs-se num desespero que nem a cruz poderia conter.
-Pois me apareceu o maldito e se apresentou como Aquele, que você tem medo, vestido de capa preta; saía até fogo da goela. Agora que eu acredito.
-Capaz, homem, é coisa da tua cabeça. (rindo)
Mal sabia ele que era "vacalharia" do seu cumpadre. Dias depois, Atanázio numa ânsia de proteger seus bens disse:
-Nas minhas latas de mel, ninguém toca, só quando a morte bater na minha porta.
O cumpadre, novamente para exemplar, vestiu-se de morte.
- Quem é?
-Sou aquele de que você tem medo?
(pausa - Atanázio enfraqueceu, mas pensou, a segunda vez é demais!).
-Mas seu nome?
-Eu sou a morte e vim buscar tuas latas de mel.
Aprendida a lição, hora de roubar o mel.
Cumpadres discutiam a existência do Diabo e Atanázio com toda sua crença, disse que se Ele aparecesse se borrava nas calças ou caía duro no chão. Passados dias, na escuridão regional do Campo Belo, Atanázio já bem acomodado na sua casa foi surpreendido por batidas na porta:
- Quem é?
-Sou eu.
-Eu quem?
-Aquele, que você tem medo!
Por inocência ou gratidão ao que acreditava, pôs-se num desespero que nem a cruz poderia conter.
-Pois me apareceu o maldito e se apresentou como Aquele, que você tem medo, vestido de capa preta; saía até fogo da goela. Agora que eu acredito.
-Capaz, homem, é coisa da tua cabeça. (rindo)
Mal sabia ele que era "vacalharia" do seu cumpadre. Dias depois, Atanázio numa ânsia de proteger seus bens disse:
-Nas minhas latas de mel, ninguém toca, só quando a morte bater na minha porta.
O cumpadre, novamente para exemplar, vestiu-se de morte.
- Quem é?
-Sou aquele de que você tem medo?
(pausa - Atanázio enfraqueceu, mas pensou, a segunda vez é demais!).
-Mas seu nome?
-Eu sou a morte e vim buscar tuas latas de mel.
Aprendida a lição, hora de roubar o mel.
- blog em recesso -
A partir de amanhã, começarei a publicar literatura e arte de outros autores. Estou querendo pôr nisto o que os outros falam de mim, que é uma outra forma de falar de si sem que te conheçam de perto. Assim, esperem muitos textos de Cecília Meirelles, Clarice Lispector, Hilda Hilst e outros, talvez desconhecidos.
Assinar:
Postagens (Atom)