De uma hora para a outra o seu maior medo era descobrir-se viado. Começou a ter sonhos com amigos lhe enrabando, lhe consolando com beijo na maior intimidade: nunca mais foi o mesmo. No vestiário, escondia-se atrás das portas, escondia-se em toalhas, escondia-se com as mãos, escondia-se basicamente: uma barreira intransponível de bastante espuma nos pentelhos para esconder o pau e a bundinha... e o desejo: o possível despertar do seu corpo diante de corpo igual; pior, que o desejo viesse dos outros e não soubesse conduzir sem dar pinta: se na camaradagem, viado; se agressivo, homofóbico, viado. Sem escapatória. Duchas sem divisórias, meias-paredes, tapumes de corpo. Aonde se esconde o desejo? Sentiu-se terrivelmente amado, terrivelmente desesperado, terrivelmente excitado. Só podia ter virado viado! Tudo isso, todo esse medo, essa dúvida, surgiu porque há dois meses teve uma constipação que o deixou quatro dias sem defecar. Quando finalmente defecou, ficou extremamente excitado imaginando que alguma coisa o penetrava, que alguma coisa o comia e intensificava a sensação de prazer a ponto de fazê-lo gozar... gozou sem tocar no pau.
Particularmente inspirado, meu caro
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