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sábado, 28 de junho de 2014

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Apenas preferências

você me dissera ser lésbica,
eu lhe dissera ser gay

Digo-lhe:

eu, caralho
você, cona

argumento para um filme

Nós que somos muito livres
Faremos o que com os muito presos?
Nos trancaremos em nossa liberdade
Ou nos libertaremos em suas prisões?

Optaremos:

À barricada soerguida
Com móveis arremessados das janelas,
O coquetel Molotov junto ao corpo:
A nossa liberdade incendiária?

Optaremos:

Às grades em nossos portões,
O Ferro a listrar nosso olhar,
Uma Arquitetura feita para o deus Medo:
A nossa segurança enclausurada?

Optaremos

Claro, o mais fácil, por favor!
O melhor com o menor esforço.
“Toma esse suco mimimi de laranja,
Enquanto estouro a pipoca
E vamos pensar um filme.”

quarta-feira, 4 de junho de 2014

eu fico sendo você

Um dia uso os teus pertences
e fico íntimo de ti.
Fico sendo íntimo de mim
na trama dos teus lençóis
assim que tu te ausentes
logo que resplandeça a luz.

Tomo conta da tua casa.
Espano o pó dos bibelôs.
Os mais bonitos vão para o bolso.
Imagino que ficarão interessantes
na minha estante.
não, não é furto, é lembrança de turista.

Começo a fumar o teu cigarro
pra saber o gosto que tem na tua boca.
Terá o mesmo na minha?
Ou terei um pouco da tua boca na minha?
Ou terei minha boca transmutada na tua?

Para isso servem a escova de dente,
o fio dental usado e reutilizado por mim.
Tua camiseta do avesso lançada ao chão
com o cheiro de suor permanecido nas mangas.

Essa obsessão de narcíseo amor,
faz de mim imagem masturbatória
de te ser,
ainda que nas tuas aparas, nos teus restos
no teu pouco descartado.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Doce é o enxovalho se é da tua boca que me vem

Doce é o enxovalho se é da tua boca que me vem
Pois tudo que chega ao meu ouvido,
vindo de ti,
só pode ser bom.

Porque vem
como tiros certeiros
sobre os cercos do amor e do ódio.

Deita o gado pelos chifres
Imola-o com sua faca
Verte o seu sangue
Sai ileso.

Estilhaça garrafas
faz um estrondo.
põe as putas,
os cafetões,
os bêbados e o dono do bar pra correr.

(Filmes de bang-bang são os seus favoritos)

Coração nauseabundo, hálito alcoólico, nicótico
entre o vício fluxo refluxo
Vou até a sua boca e com um beijo retorno
ao seu estômago.
Aperta-o como se fosse possível me extrair.

Então
me aposta
pelo prazer limítrofe de ter e me perder.
(...)
No hiato entre um blefe e um riso raso
lança as cartas, as certas
confunde o adversário
me reconquista.

Afortunado,
coloca-me num dos seus ombros
empunha sua pistola
e faz amor comigo.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

terça-feira, 6 de maio de 2014

Amendoim

Escuta o que tenho a lhe dizer.
É pequeno, intenso e intacto
como a um grão de amendoim descascado e não partido.
Imagine só, nossos olhos
sobre o cume do amendoim, sobre a pele cor de dunas,
vislumbrando o tamanho do gérmen,
lá onde as coisas intumescem, lançam raízes,
perfuram a terra
e depois brotam.

Escuta o que tenho a lhe pedir.
Não se assuste porque é pouco e simples.
É só um pouco de companhia, amendoim torrado e cerveja gelada.
Quem sabe eu lhe peça um beijo, um abraço...
Mas não se assuste, porque isso é depois do amendoim,
da cerveja e da muita conversa que teremos.
Que é quando as coisas criam raízes,
perfuram as nossas carnes e brotam.

amor, cebola e alho

Lembrei-me do programa de culinária que víamos
“Gente, vamos refolgar primeiro o alho
e depois a cebola. Por quê?
Porque a cebola solta água e estraga o sabor do alho.”
Imediatamente perguntei:
“Amor, eu sempre fiz certo né?
Sempre refolguei primeiro a cebola e depois o alho?”
Ele responde:
“Sim, amor, você sempre fez certo!”
Verdade ou não,
Ele estava tomando cuidado pra não ferir o meu ego.

Pílulas por vir

Vou a outro psiquiatra,
quem sabe me receite umas
(...)
Ou contato o mercado negro,
Especificamente a minha tia.
Ela sempre descola umas receitas
pretas, rosas, azuis.
pílulas diversas,
flores de todos os tipos
para desabrochar
nos olhos do notívago.

Poesia de Rotina

Poesia de Rotina
muita gente acredita
acredito que sim
também acredito
que há um cotidiano
e dentro do cotidiano
Poesia de Rotina

Outro por vir

de um instante ao outro
torno-me outro
que me comunica à face:
És imediatamente outro agora!
Você não é bipolar, disse meu psiquiatra!
agora o que faço com esse outro incurável?
com esse outro desesperançado de pílulas?

Vou a outro psiquiatra,
quem sabe me receite umas.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

seja você a parte do meu poema

por só nos vermos em partes
é que te rogo
uma ultima mordida
pra te arrancar um último pedaço
do seu céu claro
que desanuviará
o meu poema
com a tua presença

quarta-feira, 30 de abril de 2014

possível primeiro encontro

I

Seria assim:
Eu, constrangido
Ele, sem jeito.
Muito assunto
em poucas palavras.
Ele diria:
- diga alguma coisa?
Eu:
-não sei o que dizer!

II

Sorrio delicadamente
ou beijo o seu rosto?
Aperto a sua mão
ou te arrasto até a minha cama
enquanto me adianto tirando sua roupa?

III

ensaio minha reação
para que,
quando tocar o interfone
subir por minhas escadas
e adentrar por minha porta
eu não te espante com minha gargalhada nervosa
mas que eu te sorria
delicadamente.

IV

Em resposta desesperada à possibilidade de um encontro físico
Faço trejeitos diante do espelho
Tiro as roupas do guarda-roupa
Os sapatos e os cadarços.
Procuro as correntes, os anéis
As pulseiras e suas contas
Provo-as, recombino-as...
Cubro meu corpo com o que de mais belo possuo
Porque é somente o mais belo
Que te desejo dar.


das vivências

Andei meio assim contigo
Meio de inimizade
Olhar cabisbaixo
Vergonha de eu ter um sentimento tão ruim por você
Por coisa pouca
Diga-se pouquíssima coisa
Detalhezinho sem importância

É que eu tava numa
(Tipo amargura ou falta de nicotina?)

Desgostoso e perdido
Entre os meus pensamentos egoístas
De um passado desperdiçado
E um futuro inexistente.



Outra bostinha de poema

Antes que abril vire maio
E alguém diga que eu não disse nada
Sobre o fim de abril
Nem do começo de maio

Ta aí, 
uma bostinha de poema

Totalmente despretensioso
Pra dizer que é só o fim de abril
E o começo de maio
Que se repetirá, repetirá, repetirá...

mas com feriado. 
XD

Uma bostinha de poema, é isso que você é

Gosto de dentes bem escovados
Lápis sempre bem apontado
A lapela bem ajustada
O branco bem alvejado
O preto não desbotado
A barba bem feita
Sem açúcares ou cereais refinados
Tudo integral e moderado
Para não irritar o intestino
(Gases, dores de barriga e uma barriga protuberante
Causam desgosto.)

um trabalho um tanto engajado
Apartamento quitado
Carro e moto na garagem
Um namoro sadio
Sem brigas e sexo moderado
(só com amor)
Festas, só as de família
Não aos cigarros, às bebidas destiladas
Às drogas pesadas
No máximo uma xícara de café preto pra acordar
E um baseadinho nos finais de semana
Pra organizar o pensamento
Também
pros amigos não dizerem
“Careta”

Uma vida bem regrada
Nem muito nem pouco
redundantemente
Só o necessário
Pra não confundir a necessidade
Com o desejo
E me por animalizado
atrás de coisa alheia.

terça-feira, 22 de abril de 2014

desajustados

Um não lugar vaga
Orbita entorno ao meu corpo
E dos outros corpos.
Os outros corpos
Nos seus não lugares devidos

Perdidos
Mas seguidos
Por outros

Alguém diz:
Eu sinto o mesmo!
Sentindo o mesmo
Percebemos o nosso não lugar
Entendido e compartilhado
Tornando-se um lugar

O lugar dos desenquadrados
Dos desajustados

Dos desqualificados

de longe o teu aceno reverbera no meu corpo

Faz de mim risível
A tua boca cheia de dentes
Diante ao meu olhar
Apiedado e mortiço

Acena de longe o teu descaso
A tua amizade por mim

Faz de mim só desesperança
De por ti não me ser realmente visto ou
Tocado
.

tão logo, quero solidão

A solidão aporta como uma intrusa.

Desestabiliza-me.

É sempre uma luta entre a liberdade e a companhia.
A liberdade que me dá tudo
Mas não me dá corpo
O corpo que me dá companhia
E tão logo o desassossego
de não me querer mais em companhia;
nem os cafés-da-manhã, os bombons, os pratos elaborados
os vinhos sofisticados
nem o resto depois do sexo.
Acho tudo um excesso!

Só me penso lavado e deitado
Refestelando-me
Com um travesseiro entre as pernas.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

coordenadas

A primeira porta à esquerda
Fica fácil
Entro sem titubear
O pensamento desanuviado
Não há erro
Ali é o banheiro

Seguindo pelo corredor
Vire à direita
Depois à esquerda
Siga reto
É a terceira porta à direita

Titubeio

O corredor escuro
Bifurcado
Encruzilhada de feitiço
Olhos vendados
Corpo desavisado

A porta à direita
Uma forca sobre o cadafalso
Um grande abismo aberto sob meus pés