sábado, 2 de julho de 2011

ego


Interesso-me muito pelo o que os outros dizem,
e pelo o que não dizem, mais ainda.
São sempre uns intrometidos:

Falam do meu bigode que precisa ser raspado
(raspo quando quiser voltar à civilização)

do cabelo fora de ordem
(penteio se houver necessidade)

Das unhas incrustadas em sujeira
(limpo-as antes de cortar os legumes)

E me julgam por tudo
porque me querem melhor do que eu mesmo me quero.

O último me chamou de frio.
Imagine:
eu frio?
Só porque não sei amar de forma arbitrária,
ou me queira deitado com qualquer um,
que isto vá corroborar a idéia.

II

Interesso-me muito pelo o que os outros dizem,
principalmente os amigos.
Ah! Os amigos sempre nos encorajando
com suas próprias ânsias:
“vamos, não tem nada a perder!”
ou
“vamos logo, se dê uma chance”
ou
“daqui a pouco a sua irmã casa, seus pais morrem, e eu, seu amigo,
parto e você fica aí pra titio”.
.
.
.
Mas o que seria de nós sem os bons amigos
e suas baboseiras de motivação?

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