segunda-feira, 21 de abril de 2008
Por Darwin
Por DarWin
O contrário que me faço
é o avesso de meu corpo estruturado
refletido em ordem inversa,
como uma melancia, que não se sabe o porquê,
decide crescer com a casca no seu núcleo,
um caroço talvez,
envolvido por toda aquela carne porosa
que desprende uma água tão melissa.
Faço-me assim todos os dias,
como quem procura algo a mais dentro de si
por algum motivo que só Deus deve saber.
Na primeira viagem que fiz,
aspirei-me por inteiro pela boca,
desloquei todo esse revestimento
ao inflar os pulmões.
Dessa primeira viagem voltei músculo,
vi-me tão estirado que em mais uma viagem
insisti.
E ao inflar os pulmões
e sorver os músculos
fiquei osso e osso, ou osso e cartilagem,
até minha língua achou um caminho pelo
qual seguir e desabar ao chão, enfim,
tudo foi ao chão, menos eu que permaneci
como os ossos
pós-velório-túmulo-cinco-anos.
Então,
o fato dos sacos respiratórios faltarem a mim,
criou-se uma nova órbita para o reinvento,
a qual me translitera a alma num único alento,
num único símbolo, num singular momento:
Viver é a habilidade sobre-humana
de reinventar-se sob feijão com arroz.
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