O frango assado
entorno
aos pratos
aos talheres
às mãos
às pessoas
as pessoas
entorno de si mesmas
de suas fomes e de suas solidões.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Palavrório de três versos
Nada mais incômodo
Que descobrirem sua herança
E a vergonha aflorar na face
Que descobrirem sua herança
E a vergonha aflorar na face
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Solilóquio
O celular, sem ligações; o Facebook e o e-mail, sem mensagens novas. Sim, não tenho mais notificações para checar, e estou aflito.
Pergunto:
- Se voltou, por que se ausenta?
Não havia mais saudade desde a vez em que havíamos dado um fim. Lembro-me de lhe ver saindo de casa, e eu com os olhos embaçados diante do espelho reafirmava o fim. Até que disse, depois de um tempo, que queria conversar comigo. Depois nos deitamos, transamos, repetimos encontros, e aceitamos a nos chamar de amor porque ainda era amor, seria frustrante nos negarmos a esse direito
(...)
Pergunto:
- Se voltou, por que se ausenta?
Não havia mais saudade desde a vez em que havíamos dado um fim. Lembro-me de lhe ver saindo de casa, e eu com os olhos embaçados diante do espelho reafirmava o fim. Até que disse, depois de um tempo, que queria conversar comigo. Depois nos deitamos, transamos, repetimos encontros, e aceitamos a nos chamar de amor porque ainda era amor, seria frustrante nos negarmos a esse direito
(...)
sábado, 18 de agosto de 2012
Os homens que nunca existiram
O mais difícil era dizer a ele que o que ele vivia não existia, era invenção. Ele não sentia o que realmente sentia e nem amava o que ele dizia amar: sofria desnecessariamente.
Todo aquele desequilíbrio, aquelas noites de cigarros acesos, taças de vinho sempre pela metade, os beijos e promessas de eternidade, nunca aconteceram, ou eram meras imagens das drogas que usava para dormir, mas sim, pequenas ilusões.
Diz-me:
-E de que serve a realidade quando se ama?
Não sei te responder. Como não sei te responder se sou mais feliz contigo ou com os outros. Quando tudo, toda a minha personalidade se desfaz num gozo em que as minhas pernas se tornam catatônicas, e dentro do seu mundo, meus lábios mexem-se involuntariamente.
Todo aquele desequilíbrio, aquelas noites de cigarros acesos, taças de vinho sempre pela metade, os beijos e promessas de eternidade, nunca aconteceram, ou eram meras imagens das drogas que usava para dormir, mas sim, pequenas ilusões.
Diz-me:
-E de que serve a realidade quando se ama?
Não sei te responder. Como não sei te responder se sou mais feliz contigo ou com os outros. Quando tudo, toda a minha personalidade se desfaz num gozo em que as minhas pernas se tornam catatônicas, e dentro do seu mundo, meus lábios mexem-se involuntariamente.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Vizinho Eu
Ao abrir a porta, agora pela manhã, vejo no chão uma folha A4 dobrada como as atas que mensalmente são entregues a cada condômino. Não me demoro muito para juntá-la, enquanto vou deixando pela casa a pasta, os sapatos, a roupa, dirigindo-me ao computador. Sento para ler. Susto: algum vizinho intrometido me descrevia como um personagem, e tinha a cara de pau de me chamar de putinha-que-deu-a-noite-inteira.
Desconfio de quem seja, e me intimido: ser descoberto dessa forma é como ter que abandonar tudo e ter que se revestir com outra casca.
domingo, 12 de agosto de 2012
Palavrório de três versos
(variação)
seria pra sempre o predador,
enquanto eu, a presa.
Palavrório de três versos
Perguntei à leonina: c’est la vie une embuscade?
O leão faminto que havia nela armou a juba e exclamou:
A vida é linda!
O leão faminto que havia nela armou a juba e exclamou:
A vida é linda!
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Palavrório de três versos
Porque estou sempre lá, no futuro.
Por isso largo-me no vazio
que habitam os desolados.
(variação)
Porque estás sempre aqui, no presente-comigo,
que te compartilho no vazio
que habito desolado.
Por isso largo-me no vazio
que habitam os desolados.
(variação)
Porque estás sempre aqui, no presente-comigo,
que te compartilho no vazio
que habito desolado.
Palavrório de três versos
Antecipo-me no momento em que anuncia sua vinda.
A partir de então, viver é a espera aflitiva
ante a chegada e a partida do seu corpo.
A partir de então, viver é a espera aflitiva
ante a chegada e a partida do seu corpo.
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