Prévio
Tenho um propósito
que vou lhe esconder
até que esqueça que eu realmente tenho um propósito;
porque simpatiza seus sonhos nos meus e faz errado:
corroboro mentiras para ser feliz.
Mas se insistisse em pedir uma direção,
não mudaria a decisão
de lhe empurrar para frente, para baixo.
Solto sua mão;
Permito que se con-suma
porque simpatiza seus abismos nos meus e faz certo:
desconstruo mentiras e deixo partir.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
sábado, 22 de janeiro de 2011
domingo, 9 de janeiro de 2011
Pequenos besouros negros
Pequenos besouros negros repousam
onipotentes e divinizados
como duas opalas exoesquelética:
o meu pecado foi tê-los partido com machado,
porque quando partidos,
desmancham-se em geléia.
*
Copiei milhões de faces
até que me fosse dado
o direito de ser;
era pai, era filho, era avô;
era aquilo que por decência
deveria ser antes de envelhecer
ou até que por fim, àqueles, os juízes da minha vida,
morressem
e quando morrem
são como pequenos besouros negros:
puntiformes, reclusos
como sempre foram.
Rasguei milhões de contratos
e aí me concedi
o direito de ser:
não me incumbi de papéis
não quis ser forte, fraco, nem homem, nem mulher ;
não me interessava por noticiários;
deixei que o corpo fosse o relógio
dos meus dias.
Perguntassem-me se há felicidade em ser apenas,
responderia que não.
Existe apenas uma rigidez nos músculos do pescoço
que sustenta sua cabeça pela tensão da estrutura;
uma amargura latente que lhe rói pertinaz
e não há alopático que resolva
por muito tempo.
No fim seremos como eles:
pequenos besouros negros.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
apontamento triste para o natal
porque o mais íntimo de mim grita solidão
é que me sirvo de silêncios súbitos
e inóspitas paragens.
é que me sirvo de silêncios súbitos
e inóspitas paragens.
24/12/2010
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