terça-feira, 6 de maio de 2014

Amendoim

Escuta o que tenho a lhe dizer.
É pequeno, intenso e intacto
como a um grão de amendoim descascado e não partido.
Imagine só, nossos olhos
sobre o cume do amendoim, sobre a pele cor de dunas,
vislumbrando o tamanho do gérmen,
lá onde as coisas intumescem, lançam raízes,
perfuram a terra
e depois brotam.

Escuta o que tenho a lhe pedir.
Não se assuste porque é pouco e simples.
É só um pouco de companhia, amendoim torrado e cerveja gelada.
Quem sabe eu lhe peça um beijo, um abraço...
Mas não se assuste, porque isso é depois do amendoim,
da cerveja e da muita conversa que teremos.
Que é quando as coisas criam raízes,
perfuram as nossas carnes e brotam.

amor, cebola e alho

Lembrei-me do programa de culinária que víamos
“Gente, vamos refolgar primeiro o alho
e depois a cebola. Por quê?
Porque a cebola solta água e estraga o sabor do alho.”
Imediatamente perguntei:
“Amor, eu sempre fiz certo né?
Sempre refolguei primeiro a cebola e depois o alho?”
Ele responde:
“Sim, amor, você sempre fez certo!”
Verdade ou não,
Ele estava tomando cuidado pra não ferir o meu ego.

Pílulas por vir

Vou a outro psiquiatra,
quem sabe me receite umas
(...)
Ou contato o mercado negro,
Especificamente a minha tia.
Ela sempre descola umas receitas
pretas, rosas, azuis.
pílulas diversas,
flores de todos os tipos
para desabrochar
nos olhos do notívago.

Poesia de Rotina

Poesia de Rotina
muita gente acredita
acredito que sim
também acredito
que há um cotidiano
e dentro do cotidiano
Poesia de Rotina