sábado, 1 de outubro de 2011

Perfil exibicionista (diálogo)


Serei sincero contigo agora: dizendo coisas desagradáveis, muito agradáveis, ou nada.
Vou me expor não me desnudando, mas me enchendo de adereços, presilhas e hábitos fúteis, para ser a imagem apreensível como a de uma escova de dente.

Aí você grita do banheiro:

- Amor, pega a minha escova, coloca uma gota de pasta de dente e me entrega aqui no box, senão vou molhar o chão!

Assim o fiz e te entreguei. Você disse:

-Gosto tanto de escovar os dentes debaixo do chuveiro!

E pareceu que aquilo te resumia. E eu te entendia, e entendia o nosso amor como se entende a água, cheia de não características para ser boa. Desde então, quando estava longe de ti, dizia aos meus amigos: ele gosta de escovar os dentes no box! Todos riam, enquanto só eu sabia do que se tratava.

Um dia me antecipei e preparei seu banho: perfumei a toalha, coloquei dobrada no toalheiro do banheiro; passei pasta de dente na sua escova, e a deixei no apoio ao lado do sabonete. Você foi tomar banho, e esperei o momento em que me chamaria pra te entregar a escova. Você não chamou. Ao sair do banho, o beijei, constatei que não havia escovado os dentes.

-Por que não escovou os dentes?

-Vou escovar agora.

-Por que não escovou no box?

-Porque não escovo mais no box, gasta muita luz!

-Ah...

A partir disso, já não entendia mais. Nas conversas com meus amigos disse: ele não escova mais os dentes no chuveiro... acho que ele não gosta mais de mim... ele anda tão mudado. E os amigos com seus conselhos que vem da pressão exercida pelas bolas dos seus sacos exclamam: para de viajar, ele te ama!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pedido de desculpas

Desculpem-me, caros leitores, a minha ausência.
Ando um tanto feliz,
e a felicidade me embota o pensamento.



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dos sentimentais desencontros ou poemas para se quebrar a fantasia


Eu te procurei por semanas.
Procurei dentro dos dias da semana,
dentro dos períodos dos dias,
dentro das horas dos dias.
Na última hora do dia
(a mais obsessiva antes do sono)
houve desespero
houve alegria
houve nada

e soube
como se sabe
depois das longas
buscas

que te procurei
no ano
errado.

domingo, 18 de setembro de 2011

poema a 4 mãos

Poema feito por minha amiga Isadora sobre essas coisas da nossa vida.




O futuro bateu na porta do meu coração
Você me diz para não o deixar entrar
Que ele não me merece
Que ele não existe
Mas se só existe a minha imaginação louca
Que desvirtua o mundo
E que me projeta sempre pra onde não estou
Que crie então um personagem, você diz
Esquizofrênicos
Para além de mim
Que pertençam a esses mundos que teço
E o meu eu, clinicamente são
De âmago verdadeiro e inexpugnável
Que se dispense de tudo
E que te ame hoje
E só hoje
Porque senão, vira desespero
E ambos sabemos que somente aos soluços é que se dorme aí