Na barca dos amantes
todos chegam atrasados
com pressa de partir.
Por isso navegam disparates
e condenam-se
por erros que nunca existiram
senão porque os queriam.
Para estes apressados,
torço que se afoguem antes
de atracarem num porto seguro.
Pois do meu amor
quero a paciência de remar distâncias
e a eternidade possível
que se pode conter entre as mãos.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Quando entendia sua fome
põe também cacos, facas e espinhos.
põe sua fome e me enterre os dentes
que na boca exaltarei meu regalo.
variável
põe aspereza sobre meu corpo; põe lixa.
põe também cacos, facas e espinhos.
põe sua fome e me coma como antes
que exaustos, estatelávamos a boca em regalo.
variável
prefiro que salpique sal com pimenta
do que me destempere.
-bom é quando lhe colocam com fome no prato.
domingo, 22 de agosto de 2010
Puxe para baixo
“Puxe para baixo
Puxe para cima
O que lhe servir,
traga para dentro.
O que restar
jogue para fora.”
Após algum tempo de trabalho termino mais um livro de poemas chamado puxe para baixo, faltam muitos ajustes e também muito empenho na elaboração das ilustrações. Deixo aqui o prólogo e espero que em breve esteja publicando.
Abraço e milhões de agradecimentos àqueles que visitam o blog e principalmente aos meu amigos.
Prólogo
Trafegam nas ruas os mais diversificados meios de transporte. Pelo computador nos comunicamos e temos acesso às mais variadas formas de conhecimento. Visitamos teatros, cinemas, exposições, igrejas e terreiros de candomblé - acreditamos nos comunicar com espíritos-; construímos as mais incríveis obras de engenharia e mecânica; escutamos o popstar do momento e alguns até desbravam o universo numa nave espacial qualquer. Mas no fim continuamos não conseguindo nos localizar e saber pelo que estamos lutando, pois de tudo, o que sobra é o homem, que viaja entre o céu e a terra buscando o contato com a alma através do sonho, mas por ter corpo, restringe-se.
Puxe para baixo faz insurgir de suas páginas esse personagem absurdo, mas completamente possível, perambulando numa busca de extremos, saciando fomes efêmeras e querendo que fossem eternas; desejando e repelindo, crendo e descrendo numa destreza incrível, pois busca entender o porquê desse desajuste entre corpo, consciência e alma.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
As obrigações entre dois
Porque não corresponde eu estranho.
Para que veja
desconfiguro o rosto com trejeitos
enfio as mãos nos bolsos
assento-me
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