terça-feira, 24 de agosto de 2010

Quando entendia sua fome



põe aspereza sobre meu corpo; põe lixa.
põe também cacos, facas e espinhos.
põe sua fome e me enterre os dentes
que na boca exaltarei meu regalo.

variável

põe aspereza sobre meu corpo; põe lixa.
põe também cacos, facas e espinhos.
põe sua fome e me coma como antes
que exaustos, estatelávamos a boca em regalo.

variável

prefiro que salpique sal com pimenta
do que me destempere.
-bom é quando lhe colocam com fome no prato.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

As obrigações entre dois

Porque não corresponde eu estranho.
Para que veja
desconfiguro o rosto com trejeitos
enfio as mãos nos bolsos
assento-me

domingo, 1 de agosto de 2010

Alienação poética
ou
Procure outro escritor

Trabalho em cima de afirmações
e deixo o futuro para depois
como tudo aquilo que não me significa.

Com uma enxada numa das mãos,
colho o que me pertence
e deixo passar o resto:
faço da terra meu único espaço;
nela nunca planto ou fecundo nada,
apenas desperto se houver o que despertar:
às vezes estão todos surdos e não imploro que me ouçam,
é uma questão de desencontro.

a minha poesia só entende mais com mais,
mais com menos ou vice-versa é desencontro.


sábado, 17 de julho de 2010

As obrigações entre dois

Porque não corresponde eu estranho.
Para que veja
desconfiguro o rosto com trejeitos,
enfio as mãos nos bolsos
assento-me

Porque respondo, você estranha e
eu lhe imponho:
Reconfigure-se com um sorriso
tire suas mãos do bolso
que eu as beijarei.