quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Série Derrames - Derrames I



Se não te mato de vez

com um só disparo
é por covardia cotidiana.
Matar aos poucos é menos injusto comigo
menos temerário e me justifica
e não me força arrependimentos
quando te morreres de vez.
quando te morreres de vez
fraqueza última e virgem

- saiba, que te matei sempre
  mas a decisão sempre foi sua.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Epigrama nº ...



Tenho uma imensa vontade
de ser um fracasso, de ser um nada
de dar em nada, de largar tudo, de arremessar
esses projetos e croquis na lama.


De afundar as costas numa poltrona
E não levantar senão para mijar.
Sou um embuste faltante de rimas e certezas
mendigando por alguma coisa que eleve
estas pálpebras arroxeadas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

meia consciência.

Não fico no alto é anti-natural moro com os pés tocando no chão
e me assusto
quando me ponho pra fora e compreendo abismos
de vidro e aço.
Não pretendo criar asas para voar
do contrário,
cresço unhas rasgando terras
arranhando céus

-de baixo germino vermes
 de cima despenco anjos