O mais difícil era dizer a ele que o que ele vivia não existia, era invenção. Ele não sentia o que realmente sentia e nem amava o que ele dizia amar: sofria desnecessariamente.
Todo aquele desequilíbrio, aquelas noites de cigarros acesos, taças de vinho sempre pela metade, os beijos e promessas de eternidade, nunca aconteceram, ou eram meras imagens das drogas que usava para dormir, mas sim, pequenas ilusões.
Diz-me:
-E de que serve a realidade quando se ama?
Não sei te responder. Como não sei te responder se sou mais feliz contigo ou com os outros. Quando tudo, toda a minha personalidade se desfaz num gozo em que as minhas pernas se tornam catatônicas, e dentro do seu mundo, meus lábios mexem-se involuntariamente.
sábado, 18 de agosto de 2012
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Vizinho Eu
Ao abrir a porta, agora pela manhã, vejo no chão uma folha A4 dobrada como as atas que mensalmente são entregues a cada condômino. Não me demoro muito para juntá-la, enquanto vou deixando pela casa a pasta, os sapatos, a roupa, dirigindo-me ao computador. Sento para ler. Susto: algum vizinho intrometido me descrevia como um personagem, e tinha a cara de pau de me chamar de putinha-que-deu-a-noite-inteira.
Desconfio de quem seja, e me intimido: ser descoberto dessa forma é como ter que abandonar tudo e ter que se revestir com outra casca.
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