domingo, 5 de dezembro de 2010

recapitulando

Das dedicatórias escondidas 
ou 
Das dedicatórias que não lhe dediquei 
ou 
Ao meu amor 



Das dedicatórias escondidas 
perfilam-se nos lábios 
e repousam. 

Extremamente cautelosa 
a confissão contida e paciente 
convulsiona-se 

e sobre teu ouvido 
derrama-lhe o amor sutil e refinado 
com bendita dose de acanho, 
porque quem ama 
enrubesce a face 
e carrega em si um vermelho doído de ausência e prontidão. 

ou 

Das dedicatórias que não lhe dediquei 
e foram muitas, 
Mas todas foram possíveis poemas 

em cada verso enrodilhava teu corpo 
num lirismo absurdo 
de te amo 
te amo 
te amo 
te amo 

ou 
Ao meu amor 

Amo 
antes do primórdio 
de te conceber como idéia de amor 
antes das palavras indiscretas 
que te disse uma vez. 

Por que já te amava na suposição, 
e na construção abstrata 
te enchia de ares 
lambia teus dedos sujos, 
e no teu corpo dançava 
pintado a vermelhão. 

Com cinzéis te reinventava a grosso modo 
te reproduzia esculpido em versos, 
e na minha língua sibilava vontades 
que forçosamente te serviam como passe 
até mim. 

ou 
o poema tentativa 
como na teoria do Big Bang 
acumular-se-ia na ponta de um 
alfinete 
e recriaríamos o universo. 

ou 

- Eu sempre te amei 
você só não tinha aparecido antes. 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Mais que os artrópodes


"Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.Tudo que não fala, faz."
(adélia prado - amor feinho)


O meu amor é macérrimo e doido por sexo.
Carrega rosário nos domingos,
nos outros dias
faz a via crucis do meu corpo.

Não entrou na minha vida
arrombando portas,
tampouco pediu permissão.
Foi enrodilhando corpo
feito minhoca

corpo e terra
corpo e terra
corpo e terra

quando se percebeu
já estava com as raízes.

Estranho é pôr os sonhos sobre o mar ao invés do veio de rio próximo que você me assenta.