Dois para frente
+
Três para trás
=
Retrocesso...
sábado, 25 de julho de 2009
I Returned Again – Parte IV
Whistler - Arranjo em cinza e preto nº 1 , 1872, Museé d'Orsay, Paris.
É um pouco do resto e um grande tanto de
dois para frente e três para trás:
dois punhados de idas e três de vindas.
Uma valsa armada,
dois cavalheiros e três damas;
duas vistas e três piscadas retribuídas.
Sim, só os feios amarão?
Giram o salão e sorriem, porque há uma vida pulsando.
Uma jovialidade inata no rosto dos pares
e o mesmo passo repetitivo.
Dois passos para frente e três para trás,
uma rodada na saia e um estalar de lábios;
dois beijos no rosto e três escapadelas
pelos fundos do salão.
É um pouco do tanto de nada que tenho suspenso em fios:
Lembranças das danças;
do chão de taco envernizado;
das damas em seus vestidos de cetim;
dos cavalheiros e suas camisas sociais ajustadas ao corpo
e dos gestos previsíveis das mãos que de estúpidas
elevam-se aos ares e nele se enchem de ilusórios
fragmentos daquilo que poderia ter sido.
Sim, só os feios amarão?
Na perspectiva que escorre dos quadros
não há retoque para o que se decompôs;
de todas as tentativas foi como ter arremessado
um balde de tintas;
nas mais promissoras
mudei o tom dos brindes dispostos sobre a mesa.
É como se a mãe de Whistler trajasse vestes em rosa
e no rosto espantasse a velhice.
Sim, só os feios amarão?
Algo lhe denuncia que mudou,
já não se repetem mais os passos de valsa
nem se escuta as composições de Tchaicovsky como antes.
Então, sigo nessa marcha de pequenos retornos,
porque, por algum motivo, sempre acabamos voltando.
dois para frente e três para trás:
dois punhados de idas e três de vindas.
Uma valsa armada,
dois cavalheiros e três damas;
duas vistas e três piscadas retribuídas.
Sim, só os feios amarão?
Giram o salão e sorriem, porque há uma vida pulsando.
Uma jovialidade inata no rosto dos pares
e o mesmo passo repetitivo.
Dois passos para frente e três para trás,
uma rodada na saia e um estalar de lábios;
dois beijos no rosto e três escapadelas
pelos fundos do salão.
É um pouco do tanto de nada que tenho suspenso em fios:
Lembranças das danças;
do chão de taco envernizado;
das damas em seus vestidos de cetim;
dos cavalheiros e suas camisas sociais ajustadas ao corpo
e dos gestos previsíveis das mãos que de estúpidas
elevam-se aos ares e nele se enchem de ilusórios
fragmentos daquilo que poderia ter sido.
Sim, só os feios amarão?
Na perspectiva que escorre dos quadros
não há retoque para o que se decompôs;
de todas as tentativas foi como ter arremessado
um balde de tintas;
nas mais promissoras
mudei o tom dos brindes dispostos sobre a mesa.
É como se a mãe de Whistler trajasse vestes em rosa
e no rosto espantasse a velhice.
Sim, só os feios amarão?
Algo lhe denuncia que mudou,
já não se repetem mais os passos de valsa
nem se escuta as composições de Tchaicovsky como antes.
Então, sigo nessa marcha de pequenos retornos,
porque, por algum motivo, sempre acabamos voltando.
domingo, 12 de julho de 2009
As Certezas - Parte IV
É aqui que a ampulheta vira
trocando a noite por brechas de
luz.
Algo, sem vontade,
fica para trás e retornar se faz impossível.
Um poema que incitava versos certos,
termina sem fim, inacabado,
e um poema inacabado é como
um poeta que morre e deixa como herança
qualquer linha sem real importância.
Um poema fracasso.
trocando a noite por brechas de
luz.
Algo, sem vontade,
fica para trás e retornar se faz impossível.
Um poema que incitava versos certos,
termina sem fim, inacabado,
e um poema inacabado é como
um poeta que morre e deixa como herança
qualquer linha sem real importância.
Um poema fracasso.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
As Certezas - Parte III
O certo mesmo,
é que as certezas são incertas,
casuais e imprevisíveis porque se adiaram
por mais um dia.
Risco no meu calendário
de vermelho,
contabilizo menos um.
é que as certezas são incertas,
casuais e imprevisíveis porque se adiaram
por mais um dia.
Risco no meu calendário
de vermelho,
contabilizo menos um.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
As Certezas II
Pior que a morte,
só a certeza da morte,
a certeza ainda em vida que
não tarda a morte a nos arrancar
este aglomero de pele.
A certeza do passado,
do tempo,
dos dentes de leite,
da menstruação,
da unha,
das pregas,
dos intestinos,
da próstata,
da mama,
da bexiga,
do câncer,
da tristeza,
dos arrependimentos,
dos tapas,
do aborto às idéias,
das dúvidas,
das interrogações,
da dor abrupta de barriga,
do desenlace das mãos para dar fim
à ciranda,
fim à cantiga
sem pedrinhas de brilhante,
sem príncipes
e com meu gato morto à paulada,
e com menos um dia para viver,
porque o relógio já faz prelúdio
à contrição.
só a certeza da morte,
a certeza ainda em vida que
não tarda a morte a nos arrancar
este aglomero de pele.
A certeza do passado,
do tempo,
dos dentes de leite,
da menstruação,
da unha,
das pregas,
dos intestinos,
da próstata,
da mama,
da bexiga,
do câncer,
da tristeza,
dos arrependimentos,
dos tapas,
do aborto às idéias,
das dúvidas,
das interrogações,
da dor abrupta de barriga,
do desenlace das mãos para dar fim
à ciranda,
fim à cantiga
sem pedrinhas de brilhante,
sem príncipes
e com meu gato morto à paulada,
e com menos um dia para viver,
porque o relógio já faz prelúdio
à contrição.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
As Certezas - Parte I
Vou comer,
preciso de sal.
Já não suporto mais essas palavras
insossas sobre fundo pardo que é isto.
Isto, que é sujo, impróprio,
indecente; banco de praça de
madeira envernizada, - verniz tênue
como raio e partícula
nessa manhã de segunda.
Largar-me como saca de cimento
ou cal, cinqüenta quilos covardes
para com essas fibras incorpóreas,
delgadas como tripa abdominal,
como novelo que agulhas urdem em meus
órgãos, comprimindo-os:
tenho cólicas com isto.
Cólicas pontiagudas, amiúde estúpidas,
buliçosas; argamassa, rejunte de piso que
espera a prevista dilatação.
Êxtase de só se ser feliz com dor, de só se ser feliz
com faca ou espingarda que rompe
queimando va-ga-ro-sa-men-te,
tão lenta, pois bem sei que é assim
que se morre,
às gotas, aos pinguinhos.
Gotejo todos os dias.
Escôo por meu pênis e ânus;
consinto a partida de pedaços liquefeitos
ou duros como brita.
Morrer é gotejar,
esvair-se em puro descaso,
queimar-se com toco de cigarro,
e deixar que o tempo parta de nós,
que os segundos nos rezem contrições soturnas.
Vou urinar por aqui mesmo
deixar um pouco de mim nisto,
largar meu cheiro como cão demarcando território
escrevendo esta autobiografia fétida cor citrino,
porque fazendo isso, sinto-me menos anêmico,
menos desgastado, menos fadado ao esquecimento,
ao fracasso de nunca ter erigido prédios.
domingo, 3 de maio de 2009
Porque me ler - Parte III
“A nudez é bela, deparar-se com ela é decompor-se. Para o homem não há nada mais inibitório do que ver um corpo exposto e entender que está longe de suas posses.”.
Não entendia por que, mas isso lhe viera à cabeça enquanto voltava para casa num ônibus superlotado com toda a sorte de gente que se podia imaginar. Olhava desconfiado tentando achar naquela situação algum ponto de apoio que lhe fizesse sentido. Analisava os rostos contraídos, a musculatura retesada daqueles que se apoiavam no puta-merda para não ceder aos abalos do veículo; via também o cobrador que repetidamente girava a catraca e contava o troco.
Poderia estar fazendo amizade com esse cobrador, no entanto a primeira aproximação é tão vexatória que preferia bolar diálogos imaginários para não parecer imbecil diante dessas situações que para ele eram as mais estranhas possíveis. Não tinha amigos justamente por isso, porque para se ter um amigo basta se dizer “você é meu amigo”, é como criar laços nunca existentes a primeiro momento, diria que é simplesmente aceitar o próximo como seu amigo antes mesmo deste trocar a primeira palavra cordial de quem lhe conhece hoje.
O cérebro tem dessas coisas, você exprime “eu te amo” e basicamente você passa a acreditar que ama, sendo assim, se houver sintonia entre ambas as partes um namoro pode se firmar em menos de uma semana, o noivado em um mês e o casamento em um ano, do contrário você simplesmente passará por uma desilusão amorosa, dessas que lhe fazem pensar repetidamente na imagem do vilão que não viu suas qualidades e acabou por lhe trair sem o mínimo de compaixão.
Retornava a idéia inicial, o trecho que lera e que persistia intacto. Tentava imaginar todos nus, indo e vindo com seus pênis e vulvas, todos ralhando uns aos outros como se isso fosse normal. Arriscava ir além, e ver seus testículos repousarem no assento. Talvez se estivesse com sua amante, com a promessa do sexo a nudez não seria tão atroz quanto instigava agora. No entanto estava ali, criou o palco onde todos se apresentavam nus e ele o vestido. Não se imaginava sem sua cabeleira ruiva e todos os acessórios que alicerçava um lar para si mesmo, onde poderia respirar sem alteração do fôlego.
Mais uma vez retornamos ao ponto chave: por que se permitia aceitar a nudez de sua amante e sua própria nudez com todos aqueles pentelhos desgrenhados sobre o púbis e negar a nudez dos outros só porque estes não lhe davam a segurança do sexo?
Não entendia por que, mas isso lhe viera à cabeça enquanto voltava para casa num ônibus superlotado com toda a sorte de gente que se podia imaginar. Olhava desconfiado tentando achar naquela situação algum ponto de apoio que lhe fizesse sentido. Analisava os rostos contraídos, a musculatura retesada daqueles que se apoiavam no puta-merda para não ceder aos abalos do veículo; via também o cobrador que repetidamente girava a catraca e contava o troco.
Poderia estar fazendo amizade com esse cobrador, no entanto a primeira aproximação é tão vexatória que preferia bolar diálogos imaginários para não parecer imbecil diante dessas situações que para ele eram as mais estranhas possíveis. Não tinha amigos justamente por isso, porque para se ter um amigo basta se dizer “você é meu amigo”, é como criar laços nunca existentes a primeiro momento, diria que é simplesmente aceitar o próximo como seu amigo antes mesmo deste trocar a primeira palavra cordial de quem lhe conhece hoje.
O cérebro tem dessas coisas, você exprime “eu te amo” e basicamente você passa a acreditar que ama, sendo assim, se houver sintonia entre ambas as partes um namoro pode se firmar em menos de uma semana, o noivado em um mês e o casamento em um ano, do contrário você simplesmente passará por uma desilusão amorosa, dessas que lhe fazem pensar repetidamente na imagem do vilão que não viu suas qualidades e acabou por lhe trair sem o mínimo de compaixão.
Retornava a idéia inicial, o trecho que lera e que persistia intacto. Tentava imaginar todos nus, indo e vindo com seus pênis e vulvas, todos ralhando uns aos outros como se isso fosse normal. Arriscava ir além, e ver seus testículos repousarem no assento. Talvez se estivesse com sua amante, com a promessa do sexo a nudez não seria tão atroz quanto instigava agora. No entanto estava ali, criou o palco onde todos se apresentavam nus e ele o vestido. Não se imaginava sem sua cabeleira ruiva e todos os acessórios que alicerçava um lar para si mesmo, onde poderia respirar sem alteração do fôlego.
Mais uma vez retornamos ao ponto chave: por que se permitia aceitar a nudez de sua amante e sua própria nudez com todos aqueles pentelhos desgrenhados sobre o púbis e negar a nudez dos outros só porque estes não lhe davam a segurança do sexo?
sábado, 25 de abril de 2009
Promessa de Início
Estou cansado
isso já se faz há anos.
Alguém,
por favor me despedaça
ou me despedaçarei sozinho!
isso já se faz há anos.
Alguém,
por favor me despedaça
ou me despedaçarei sozinho!
terça-feira, 31 de março de 2009
Porque me ler - Parte II
É incompreensível essa sua escrita, no entanto, mesmo assim existe algo que me faz continuar percorrendo essas páginas afoito para saber o que você tem a dizer, como aquele seu personagem ruivo que quando lê a palavra respirar decide assim, inflar seus pulmões até o limite; uma espécie de “faça o que seu mestre mandar”.
Faço o mesmo. Inflo meus pulmões. Passo a mão no cabelo. Como com os dedos. Sou também aquele que se indaga e chora; sou a vítima e também o homicida.
Recordo agora de suas perguntas enrustidas na cabeleira ruiva. Óbvio: de quê nos interessa saber o que é o câncer quando não se têm câncer? É a mesma coisa que acreditar que Nero pôs fogo em Roma ou que os jardins da Babilônia realmente foram suspensos. A subjetividade domina o mundo, mesmo quando a moda era estar com os pés firmes no chão.
quinta-feira, 26 de março de 2009
Megalomaníacos
Não ter consciência do que se faz, não justifica isenção de impostos. Pelo contrário, na minha megalomania estes serão os primeiros a serem mortos.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Megalomaníacos - Primeira parte (talvez única)
Juntos a mesa redonda, dois amigos conversam sobre suas aspirações em mudar o mundo.
Alto chanceler, começamos por onde?
Matando!
Isso eu sei. Mas começamos por quem?
Primeiro: a putinha.
Segundo: as perdidas.
Terceiro: os que perdem tempo.
E...
Depois o resto. E ah, o resto que se foda no ralador de queijo!
Continuaaaaaaaaaaaa!
Alto chanceler, começamos por onde?
Matando!
Isso eu sei. Mas começamos por quem?
Primeiro: a putinha.
Segundo: as perdidas.
Terceiro: os que perdem tempo.
E...
Depois o resto. E ah, o resto que se foda no ralador de queijo!
Continuaaaaaaaaaaaa!
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