O poema a seguir faz parte de um projeto de livro, ainda inconcluso, de história poética. A moça de cima (abaixo) se chama Marina. Vamos lá.
Marina, a concubina
No fremir do aço
o tempo rui à surdina.
No vergar do osso
a flexibilidade de Marina.
Às sete da manhã acorda, sem endosso
estica seus músculos, a menina,
busca a gélida água no poço
banha-se, então, ferina.
No fremir das asas
Marina deixa sua casa,
no caminho sinuoso
pé ante pé, pisa num mundo falacioso.
Fernando, o pierrô
A capa ao chão farfalhando
lá vai Fernando, o pierrô italiano.
Tem-se em vestes ingênuas
eclipsando suas luxúrias,
carregando seus sonhos pelas ruas.
Ri-se e faz-se alegre no caminho
transeunte, em busca do moinho.
A capa a estrada farfalhando
aos reis pedestres encenando
o Insano-Fernando,
literalmente amando.
Moinho, fica no caminho
Fora desativado a moagem do grão
cedera espaço aos atos heróicos da paixão.
Ansiara por ventania, chegara a concubina.
Pierrô atrasado, ela logo não se conteria;
-sabe quem ama da fugacidade do tempo -.
Então, adentra Fernando e busca Marina,
em devoção sibilante,
numa destreza abstratamente
amante.