domingo, 29 de junho de 2014

fragmento

(...) 27 de junho de 2014 (...)

Passado o primeiro momento de raiva, em que num impulso vi-me com as mãos no seu pescoço, recuperei a sensatez, enquanto estatelado no chão você recobrava-se da asfixia. E o perdoei, com o coração doído, as lágrimas brotando despretensiosas, eu o perdoei, mesmo sem saber da verdade, aquela que por medo você me escondeu (...)

sábado, 28 de junho de 2014

quinta-feira, 19 de junho de 2014

fragmento

(...) Novo. Que novo o que? É velho. Muito velho. Data de uma coisa muito antiga, antepassada. Conservado, sim. Bem conservado. Vapores de naftalina, balas de halls. Cheiro de mictório conservado nas narinas. Hálito disfarçado. É para afastar traças, percevejos, fedores... escrito na embalagem ou nas estrelas. Beijo gostoso, sabor de Cherry-strawberry Lyptus. Refrescância imediata. Coisa importada. Coisa importante para um sexo oral. Isso, a língua em volta da glande como a revista feminina ensinou: 10 passos para um sexo oral perfeito no dia dos namorados. Vende que nem água. 10 passos para tudo o que você imaginar, e se não constar, entre em contato com o nosso editorial, providenciaremos uma matéria super hiper mega interessante.

Imagino quem obrigado escreve; quem compra por livre-arbítrio isso e rio. Só não rio de quem está ganhando dinheiro (...)

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Apenas preferências

você me dissera ser lésbica,
eu lhe dissera ser gay

Digo-lhe:

eu, caralho
você, cona

argumento para um filme

Nós que somos muito livres
Faremos o que com os muito presos?
Nos trancaremos em nossa liberdade
Ou nos libertaremos em suas prisões?

Optaremos:

À barricada soerguida
Com móveis arremessados das janelas,
O coquetel Molotov junto ao corpo:
A nossa liberdade incendiária?

Optaremos:

Às grades em nossos portões,
O Ferro a listrar nosso olhar,
Uma Arquitetura feita para o deus Medo:
A nossa segurança enclausurada?

Optaremos

Claro, o mais fácil, por favor!
O melhor com o menor esforço.
“Toma esse suco mimimi de laranja,
Enquanto estouro a pipoca
E vamos pensar um filme.”

sábado, 7 de junho de 2014

fragmento

(..) Ele retornou. Disse que está arrependido e que me quer de volta. Que o que ele teve pelo outro foi apenas uma admiração momentânea que tão logo se tornou inexpressiva. Botou a culpa no álcool. Da noite que passaram juntos recrudescidos pelo álcool. Mas já não era a primeira vez que isso acontecia. Disse-lhe, por qualquer um põe-se admirado porque gosta de se apaixonar. Não duvido que enquanto te fodem, você não pede para que te fodam com mais força até que goze e exprima toda a sua admiração num eu te amo efêmero. Dândi? Hedonista? Porque também já fui efêmero, entenderei a sua efemeridade, abrirei meus braços e o receberei novamente. E o amarei não como um traído, orgulhoso de seus princípios inflexíveis; o amarei simplesmente pelo ato do reencontro (...)

quarta-feira, 4 de junho de 2014

eu fico sendo você

Um dia uso os teus pertences
e fico íntimo de ti.
Fico sendo íntimo de mim
na trama dos teus lençóis
assim que tu te ausentes
logo que resplandeça a luz.

Tomo conta da tua casa.
Espano o pó dos bibelôs.
Os mais bonitos vão para o bolso.
Imagino que ficarão interessantes
na minha estante.
não, não é furto, é lembrança de turista.

Começo a fumar o teu cigarro
pra saber o gosto que tem na tua boca.
Terá o mesmo na minha?
Ou terei um pouco da tua boca na minha?
Ou terei minha boca transmutada na tua?

Para isso servem a escova de dente,
o fio dental usado e reutilizado por mim.
Tua camiseta do avesso lançada ao chão
com o cheiro de suor permanecido nas mangas.

Essa obsessão de narcíseo amor,
faz de mim imagem masturbatória
de te ser,
ainda que nas tuas aparas, nos teus restos
no teu pouco descartado.