domingo, 23 de fevereiro de 2014

A manutenção do simulacro

A casa extremamente suja, caótica. Eu, extremamente desgostoso, mimado. Melhor não ter entrado. Evitado o cheiro de mofo, de coisa evitada por três meses. Odor de coisa fétida, que não se permite aos sentidos nada além do que a repulsa de si. As roupas escuras embranqueceram, as roupas claras esverdearam. Há teias de aranha dentro do guarda-roupa. O chão engordurado de maresia. Sinto arrepios apenas em pensar, que por descuido, posso pisar descalço e ter que lavar os pés novamente. Sensação de quando se pisa na merda e a sensação perdura: você está infectado. 

II

Como se na minha ausência as coisas também não se ausentassem de mim, e não se decompusessem ou mudassem de cor. 

III

O simulacro desfeito na minha ausência. 
O simulacro violado pelo tempo na minha ausência.
O meu corpo violado e decomposto.

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