A claridade é insuportável aos meus olhos. Lusco-fusco.
Estrelas desorbitadas. Rastro cósmico de verdades que não aceito. Estar sozinho
é tão bom, mas ser livre fere o corpo de orgulho. Surgem marcas excêntricas de velhice,
feridas de desconsolo. As roupas mudam, o bigode cresce e se implora por Deus
pela a restituição da juventude. Mas eu quero ser velho, meu Deus! Tão velho
quanto meu avô. Participar de excursões, conhecer o planeta de cabo a rabo,
fumar cachimbos fedorentos, e beijar as crianças generosamente com a barba lhes
espinhando a face. Ah, como o tempo futuro pode ser tão bom! É como uma dádiva
isto, conseguir frescor nos dias cinza mais que nos ensolarados, porque sentir
frescor em dias de luz é muito mais fácil e por isso às vezes não conta. Questão
de maturidade. Certo dia, li uma reportagem sobre uma mulher com câncer em
tratamento: senhor, como uma doença pode ferir tanto a vaidade de alguém? E
como alguém restabelece sua beleza estando tão próximo da morte? É para se
agarrar a vida ou para morrer menos feio? Quantas estultices eu levanto nestas
perguntas, se sei a resposta. Deveriam me punir por enfiar os dedos em feridas
estranhas. Grande metido que sou? Claro que não! É só a vontade de ser melhor a
cada dia, e ficar velho cheio de sabedoria e amor.
Eu sempre acho que a velhice traz a pressa de viver!
ResponderExcluirUm abç