Escreverei qualquer coisa agora, como narrar a passagem de um fusca 88 vermelho pela minha rua ao mesmo tempo em que escrevo isto; isto que pode ser qualquer coisa mesmo, porém com uma condição: que você me leia.
Sei pelo barulho que era um fusca 88 e vermelho porque é do meu vizinho - não se preocupem, o escritor aqui não passou a ter epifanias depois que começou isto – ele sempre sai esse horário para buscar sua mulher no trabalho, diria que vivem felizes, possuem um casal de filhos - por um minuto pensei em mentir e dizer que eram de gêmeos, não, me recuso, hoje só o que pode ser verídico é que vou contar.
Meu vizinho também reúne seus amigos nos sábados à noite para comerem aquele belo bife sangrento com a cervejinha nossa de cada dia, gargalham alto, tal como conversam. Aliás, por que estou falando deles? Ah, ok (revelações) o autor disto é pré-intencionado e se desvenda perante o leitor – não sabia como começar!
E lá vamos nós nessa busca do “qualquer coisa”, como diria Fernanda Young em seus romances “ande logo com essa punheta, homem”. Tá, calma, é que as palavras às vezes me são débeis e se escapolem e quando isso acontece o que posso fazer é falar de outra coisa que não da idéia principal do texto; é nesse ponto que invadem esses vizinhos na minha retórica e tomam seus lugares de abre-alas, como agora: alguém bate na minha porta – com licença caro leitor, um minutinho...
... me desculpe, é que sabe como é vida em sociedade, temos que ser maleáveis, nunca sabemos quando vamos precisar –.
Deitei ontem lá pelas onze da noite com uma doída vontade de chorar. Sabe quando seus pulmões receiam a entrada do ar? Pois então, foi assim, não queria sequer o mínimo átomo de oxigênio, tinha medo, estava escuro e Tchaikowsy tocava como plano de fundo para um possível fim trágico, estava certo de que morreria ontem mesmo.
Pronto, a idéia voltou (epifania). È que ao invés de me tornar forte, dia a dia me debilito mais e minha maturidade encerra na de uma criança de 5 anos prestes a largar tudo, sim, desistiria de tudo ontem e hoje também, romperia com essas amizades estranhas, com os laços afetivos e me jogaria mundo além para morrer como um aborígine, o qual quando surge a oportunidade da morte lança-se na floresta, pois já não pode prover mais os frutos que sua comunidade necessita, e isso não é nem um pouco indigente, é apenas cultural.
Ah, me desculpe novamente, estou aqui me lamentando, espere. Ouça. É o vizinho e seu fusca 88 vermelho e sua mulher depois de mais um dia de trabalho. Na certa, queria entender como levar uma vida assim tão rotineira, talvez um pouco mais leve e menos ácida como a que tenho levado. (interjeição) Sim, saquei (nada é por acaso), o que me falta é um fusca 88 vermelho e uma boa mulher de quadris largos para me dar alguns belos filhos? (interjeição) Confesso, tenho inveja de tudo isso, me empresta?
Há noites, em que o cheiro de sandalo nos asfixia,fazendo-nos comprimir os olhos até cerrá-los. Lágrimas de desespero ao ouvir silenciar os gritos fracassados daqueles que não dormem...ao amanhecer, um grito ensurdecedor nos arrebata de profundos sonos;
ResponderExcluirSem nos esquecermos dos prazeres que nos envolta, assistimos a carne embrutecer ao som de músicas silenciosas. Uma dança, em que a cada ruflar de pés, a poeira levanta, escondendo emcabuladamente qualquer sorriso, capaz de sensibilizar as forças interiores.
Os vermes, crescem, com clareza e enraivecem a cada grito de ordem...gritam para que se construam muros; Mal sabem, que seus dias estão contados...pois há quem baile diferente, há que sussurre gritos contrários para a destruição...um dia...cada verme amanhecerá preso em sua própria porta, e sangrando, não lembrão que atiraram suas chaves ao curso do esgoto, com medo que alguém os tirasse de lá.
os muros, cairão...e todos os vermes dormirão eternamente no inferno.
Eu não tenho mais (tanta) inveja dessas coisas. Oh, novos bonecos! Beijos :*
ResponderExcluirboa tarde.
E quem falou q eu tenho inveja... uhauahuahua!
ResponderExcluirSim, sim, novos bonecos!
E a pequena comendo chocolates.
ResponderExcluirAh, desculpa por demorar tanto a comentar. Eu sei que parece um desculpa meio esfarrapada, mas é que "tô" com tremendas dificuldades de me concentrar. Lia o texto, mas não captav a idéia (surtos de analfabetisbo funcional). Pois bem, hoje li, e acho que entendi, se é que é possível entender algo tão subjetivo. Mas, vamos lá:
ResponderExcluirGostei. Apesar de não entender determinados motivações, consegui captar idéia, ou melhor, havia uma idéia, neh?! Mas, seja lá quem for que tem inveja, seja o autor ou o personagem, mulheres de quadris largos dão bons filhos, mas esposa e filhos dão dor de cabeça.
Ah, adoro seu modo de escrever. Quando lançar um livro, me avisa, tah?!
P.S. 1 Abração!
P.S. 2 Tem tempo que não atualiza, neh?!
P.S. 3 Beijomeliga! ^^