Deus,
por clemência,
dê-me novas colheres
para poder desperdiçá-las.
sábado, 21 de dezembro de 2013
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Mortaes
Nem quero seguir depois disso. Vou largar as ideias infundadas de revoluções para me tornar um pouco menos a cada dia. Tornar-me diminuto e acuado como a um animalzinho faminto. Ser outra coisa então que não precise ser explicado, nem dito nem ouvido. Ser um novo surdo mudo, ser um novo debilitado e debilitante, o embotado e embotante, ser coagido e coator.
Diz-me:
- Eu não como laranja, por que você come?
Eu:
Deixo de comer laranjas
e te agrado
e você me agrada
Ninguém de bom grado.
E se um dia nos pensamos vivos
...
Tornamo-nos meros mortais.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
erastas e eromenos
é o fato de eu pensar muito que me torna frígido e mole. Sim, querido, não é problema no corpo, é na cabeça. O pensamento vem assim, do nada, e me toma de um jeito que nem sei como dar fim. Amolece, entende? Fica tudo molinho, molinho. Bate na porta e não entra. Minha amiga disse que sou um socrático. Sim, meu amor, depois da sua explicação, defini-me como um socrático-brocha. Tem espaço para isso na filosofia contemporânea? É claro que tem, e não. Não tem. O que tem é viagra e cyalis e pó da bruxa no círculo da fertilidade. Para todos os problemas do mundo uma pílula no coração. Ou um vinho quente no coração, cantarolava você, Secos e Molhados, enquanto tomava a taça na mão como microfone. Coisas do seu mundo mais temperado que o meu.
seus pensamentos encordoados numa composição linear.
o meu,
dodecafônico e sincopado e progressivo
a cabeça num roque-roque roedura de rato
a loucura de Ana Clara
uma poesia miserável
e
brocha
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