segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Padrão de amor


És meu.
Disse-lhe cravando os olhos nos olhos dele.

Olhos meus: garras
Olhos teus: presa.

És tu meu bibelô,
És tu coisa de outra coisa que já tive,
Reavivamento da lembrança,
Ou outro corpo com a mesma lembrança?
Ah,
Que a tua vida pertencida a mim,
é vida adquirida.

Derivação
Ah,
que a tua vida pertencida a mim,
é a tua própria vida adquirida.
 

sábado, 29 de outubro de 2011

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ritual


Quem me fez mal, partiu há muito tempo. Enfiou suas coisas nos bolsos, pegou o ônibus e não voltou mais. Eu disse novamente: quem me fez mal, partiu há muito tempo. Aí o abracei, e fui abraçado também. Fomos adormecendo, protegendo um ao outro dos espíritos traquinas que até ontem nos assolavam. Durante toda a noite, atravessamos cenários tempestuosos, desérticos, alagadiços, espaços vazios de qualquer coisa .

- Estou com medo, mesmo sabendo que preciso desse vazio.

Respondi-lhe cantando:

- like you always say
Safe travels,
Don’t die,
Don’t die…

Estávamos numa ponte sobre o nada, a mesma ponte que passei há alguns dias, e confuso por não entender meu destino, acabei lançando abaixo um cão negro. Mas agora, eu segurava a sua mão, suada pelo medo de não saber por qual caminho o levava, e se deveria manter-se confiante em mim.

Peguei sua mão, coloquei-a nos meus lábios para que sentisse a vibração das palavras e, conseqüentemente, seu corpo entrasse na freqüência do meu corpo:

- Hei, sou eu... Quem te fez mal, partiu há muito tempo.