terça-feira, 25 de agosto de 2009


I
Rendia-se ao sofá desbotado numa espécie de auto-indulgência, amarrava prazeres. Compôs, resvalando sobre o púbis, a promessa do toque que justificasse o gozo. Lambia-se os lábios e nos olhos se via refletir o brilho amalgamado de ardores, vislumbres e pequenos delírios.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Um por sessenta, por mil

Eu só preciso de um segundo,
desses que são divididos por mil,
que perduram o abraço, o beijo, a reza.
Um segundo que em cada milésimo
houvesse a infinidade de tudo o que é
limítrofe em nossas vidas tão fissionadas.
O segundo que minha’lma busca
na brevidade de uma pausa consentida
por um enredo-amigo sabido:

-Não fales, nem gesticules,
poupe-nos o segundo,
registremos apenas o
instante,

a
s
s
i
m
pendentes.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Poema Qualquer – II

a H.
- bonito, mas tem preferências erradas.
Constrói castelos, é mais gostoso.

Uma pedra arremessada
no céu da boca
eclodiria em castelos do avesso.
Sem saber, vendaria teus olhos
e o faria subir a torre mais elevada
para como num beijo
repousar sobre minha língua.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Poema Qualquer

Um sopro
na tua boca
inflaria teu mundo
num enorme balão de gás
que alçaria vôo
para além céu além
e entre pássaros te encontrarias
pairando sem asas, declaradamente louco,
e em tua loucura devolverias meu sopro
para subitamente cair, cair, cair, cair, cair...
Preferível, mesmo, é não amar.