domingo, 10 de janeiro de 2016

Cu

O cabelo de cair sobre os olhos,
De contornar as pálpebras
que sobrepõem o seu oculto.
Toco o seu supercílio
que
assustado se contrai.

Há realmente segredo no que ocultas
ou eu que inventei segredo em si?

Segredo um segredo:
por trás dos teus cabelos visiono um
tesouro?
Um oculto?
Um olho?
Ou um cu?

Pornô XV

Sim,
Dizer que o amei desde então
Desde nossas vistas encontradas
Sem saber se ali morava prazer

sábado, 9 de janeiro de 2016

Exercício

Me apego a certa lembrança, a única.
Metonímia de você
Vivificada e vibrante.

Objeto

Me apego a certo objeto, o único.
Metonímia de lembrança
Você, vivificado, mas dormente.

Toco certo objeto, o ponto.
Pingo limão na ostra inamovível
Ato sofrível, mas de desejoso palato.

O seu orifício, antes dormente,
Agora vivificado,
o orifício a contrair-se ao meu toque

- Eu o engulo!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Pornô XIV

O apartamento vazio. Só o meu nonsense e o conselho do meu amigo ocupando o espaço entre paredes-intracranianas: ”Foda num apartamento vazio, parece que você está fodendo com várias pessoas ao mesmo tempo!”. Sim, basta outro corpo para que queiramos vários outros corpos em núpcias. Porque deveras tudo se multiplica: os gemidos reverberam em ecos, o cheiro manifesta-se evolado como fumaça de incenso e tudo o que é fluído apresenta-se como veios, vertentes d’água brotando e intumescendo abundantemente o que penetra e o que será penetrado. Nos percebemos submersos, inundados, confundidos em líquido; depois somos jogados pela arrebentação numa encosta rochosa e permanecemos lá, também rochosos, até recuperarmos os sentidos e nos compreender separados, únicos, num apartamento vazio.