quinta-feira, 19 de junho de 2014

fragmento

(...) Novo. Que novo o que? É velho. Muito velho. Data de uma coisa muito antiga, antepassada. Conservado, sim. Bem conservado. Vapores de naftalina, balas de halls. Cheiro de mictório conservado nas narinas. Hálito disfarçado. É para afastar traças, percevejos, fedores... escrito na embalagem ou nas estrelas. Beijo gostoso, sabor de Cherry-strawberry Lyptus. Refrescância imediata. Coisa importada. Coisa importante para um sexo oral. Isso, a língua em volta da glande como a revista feminina ensinou: 10 passos para um sexo oral perfeito no dia dos namorados. Vende que nem água. 10 passos para tudo o que você imaginar, e se não constar, entre em contato com o nosso editorial, providenciaremos uma matéria super hiper mega interessante.

Imagino quem obrigado escreve; quem compra por livre-arbítrio isso e rio. Só não rio de quem está ganhando dinheiro (...)

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Apenas preferências

você me dissera ser lésbica,
eu lhe dissera ser gay

Digo-lhe:

eu, caralho
você, cona

argumento para um filme

Nós que somos muito livres
Faremos o que com os muito presos?
Nos trancaremos em nossa liberdade
Ou nos libertaremos em suas prisões?

Optaremos:

À barricada soerguida
Com móveis arremessados das janelas,
O coquetel Molotov junto ao corpo:
A nossa liberdade incendiária?

Optaremos:

Às grades em nossos portões,
O Ferro a listrar nosso olhar,
Uma Arquitetura feita para o deus Medo:
A nossa segurança enclausurada?

Optaremos

Claro, o mais fácil, por favor!
O melhor com o menor esforço.
“Toma esse suco mimimi de laranja,
Enquanto estouro a pipoca
E vamos pensar um filme.”

sábado, 7 de junho de 2014

fragmento

(..) Ele retornou. Disse que está arrependido e que me quer de volta. Que o que ele teve pelo outro foi apenas uma admiração momentânea que tão logo se tornou inexpressiva. Botou a culpa no álcool. Da noite que passaram juntos recrudescidos pelo álcool. Mas já não era a primeira vez que isso acontecia. Disse-lhe, por qualquer um põe-se admirado porque gosta de se apaixonar. Não duvido que enquanto te fodem, você não pede para que te fodam com mais força até que goze e exprima toda a sua admiração num eu te amo efêmero. Dândi? Hedonista? Porque também já fui efêmero, entenderei a sua efemeridade, abrirei meus braços e o receberei novamente. E o amarei não como um traído, orgulhoso de seus princípios inflexíveis; o amarei simplesmente pelo ato do reencontro (...)