sexta-feira, 12 de julho de 2013

Uma forma para Otávio

Fico sensibilizada diante de Otávio, às vezes choro ou solto risos despropositais; parecem grunhidos de algum animal distante na floresta. Como uma gata manhosa, refestelo-me entre suas pernas; ele coloca a mão por debaixo da mesa, acaricia-me a cabeça enquanto continua lendo o jornal. Ele me observa. Depois, troca a água e põe mais ração. Fico saciada, mas perpetuo meu miado. Encho os ouvidos do Otávio com o meu intermitente miado para chamar sua atenção. Ele me cobra: o que foi minha gatinha? Novamente: eu já te dei comida e água! Então: “Suma daqui!”. Saio com meu rabinho entre as pernas. Deito em outro lugar.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

(Medo que me ouça e tudo se transforme numa verborragia inútil.).

Boa parte disso deve-se a uma infecção bacteriana na garganta. “Placas enormes, deveria ver...” ou enfiar o dedo para sentir! “Parecem-se com o exército da paz, só que trabalhando para me derrubar...” filhas da puta!

Outra parte é o que ante o lábio cerrado me sabota.
Todo meu pensamento esbarra no teu nome,
que é a minha prece
na minha mente sibilada na devoção
que me compraz.

- A paixão é a que grita
O amor só precisa de silêncio.

Então, os estágios do beijo:

Volto ao
meu lábio cerrado ante o seu entreaberto
teu perscrutado olhar ante o meu buliçoso 
a tua aproximação decidida ante a minha espera lânguida

teu nome premente entre as minhas coxas
também é o meu castigo no teu protelar insistente
de só me dar amor em conta-gotas

grito:

- se não por amor, por piedade!
 

domingo, 30 de junho de 2013

Paráfrase W.

- Ao vencedor, tuas orelhas vermelhas e quentes!

Poema

Escondi-me atrás da prece,
Como atrás de um escudo
Que se empunha diante e contra
A espada reluzente;
Como atrás de uma estante
Que se empurra para dificultar
A entrada do psicopata num filme de
(suspense).
A minha terceira perna brota novamente,
Forte o suficiente para derrubar paredes a pontapés.