sexta-feira, 11 de junho de 2010

Monólogo

Depois de assistir aqueles desenhos japoneses em que a disciplina só é obtida através de rigidez e violência livre, sinto sempre uma necessidade incontrolável de levar uma boa surra pra ver se me enquadro, ou como dizem, vê se eu tomo prumo na vida.

Últimas cartas - III, IV

A seguir as duas últimas cartas escritas. Postarei ambas por dois motivos: estou sem internet em casa, o que dificulta manter o blog atualizado sempre; outro, é por revolta mesmo. A ilustração do post virá depois. Outra coisa, obrigado a todos que continuam visitando o |poemarte. Abraços, rafa. 
Carta III



Maturidade é saber lidar com as incertezas.

Carta IV

deve ter sido assim que Mário Quintana foi assassinado pela primeira vez e depois vezes e vezes.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

vício

Adquiri o hábito de tirar lascas das caixas de fósforo e chupá-las depois, nem tem gosto, mas tem textura melhor que a da goma de mascar, e dá maior liberdade à língua e aos dentes. E só troco quando vai se desmanchando em outras pequenas lascas e paro quando satisfeito.

Troquei um vício por um, aparentemente inócuo: não sei viver sem concretizar o tempo ocioso em matéria visível.

terça-feira, 25 de maio de 2010

itinerário



Sou corajoso, corajoso, corajoso, repito isso para ver se corroboro na minha mente a força que preciso restituir o mais rápido possível antes que venha fenecer. Nos últimos tempos, fui alvo da vida conturbada que só quem cresce pode ser atingido. Não é porque comi do que não deveria, aliás, é também por isso, mas são milhões de esperanças que se tornam desfeitas num estalo.

Talvez porque faça de cada sonho um deus, mas saiba que cada deus eu travesti de ideais puramente humanos e interpelo por alguém que me diga que ainda é possível seguir depois de tantas lutas. Disseram-me para ter calma que são infinitas as possibilidades. Mas até quando o infinito, teimosamente, reservar-se-á a me dar uma única possibilidade? 

Foi o amor que por itinerário, não vingou; os amigos que mais me compreendiam, partiram; tudo por culpa de itinerários. Uns disseram, hoje não dá porque viajo, passei no vestibular e estou de mudança. O problema é que todos mudam de cidade ou personalidade mesmo, só eu que permaneço tão oco e triste quanto antes.

Tenho pena das mães, somos os únicos animais que não sabemos lidar com as percas, os outros ensinam o ofício e abandonam suas crias e seguem em ordem, mas nós humanos, somos desraigados e o que fica é a miserável saudade, a impotência.