Eu queria mesmo era escalar uma montanha ou pular de pára-quedas, e fiz isso de acordo com as oportunidades oferecidas; trepei nos muros dos vizinhos com um lençol roxo sobre as costas para depois me jogar dos mesmos, e repeti estes meus gestos por durante meses, como uma criança que assiste milhares de vezes o mesmo chato musical infantil.
Por algum motivo nós acabamos retornando às mesmas coisas, no entanto sob uma nova roupagem, às vezes black tie, às vezes trapo-semafórico, às vezes nu como agora, e confesso que sequer quero tapar meu sexo, quero viver exposto.
Você entende?
Por algum motivo nós acabamos retornando...
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
sábado, 14 de junho de 2008
PAUSA
Blog temporariamente em pausa.
Volto depois do dia 7 de julho
beijos e abraços
rafa
P.S.: Não costumo pôr textos de outros autores, mas, abro exceção para Adélia Prado, umas das minhas poetisas favoritas.
Leitura
"Era um quintal ensombrado, murado alto de pedras.
As macieiras tinham maçãs temporãs, a casca vermelha
de escuríssimo vinho, o gosto caprichado das coisas
fora do seu tempo desejadas.
Ao longo do muro eram talhas de barro.
Eu comia maçãs, bebia a melhor água, sabendo
que lá fora o mundo havia parado de calor.
Depois encontrei meu pai, que me fez festa
e não estava doente e nem tinha morrido, por isso ria,
os lábios de novo e a cara circulados de sangue,
caçava o que fazer pra gastar sua alegria:
onde está meu formão, minha vara de pescar,
cadê minha binga, meu vidro de café?
Eu sempre sonho que uma coisa gera,
nunca nada está morto.
O que não parece vivo, aduba.
O que parece estático, espera.”
Adélia Prado em Bagagem
Volto depois do dia 7 de julho
beijos e abraços
rafa
P.S.: Não costumo pôr textos de outros autores, mas, abro exceção para Adélia Prado, umas das minhas poetisas favoritas.
Leitura
"Era um quintal ensombrado, murado alto de pedras.
As macieiras tinham maçãs temporãs, a casca vermelha
de escuríssimo vinho, o gosto caprichado das coisas
fora do seu tempo desejadas.
Ao longo do muro eram talhas de barro.
Eu comia maçãs, bebia a melhor água, sabendo
que lá fora o mundo havia parado de calor.
Depois encontrei meu pai, que me fez festa
e não estava doente e nem tinha morrido, por isso ria,
os lábios de novo e a cara circulados de sangue,
caçava o que fazer pra gastar sua alegria:
onde está meu formão, minha vara de pescar,
cadê minha binga, meu vidro de café?
Eu sempre sonho que uma coisa gera,
nunca nada está morto.
O que não parece vivo, aduba.
O que parece estático, espera.”
Adélia Prado em Bagagem
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Série monólogos. Monólogo I
- Sirvam-me, estou pronto. Tirem-me do forno. Enfeitem-me com farofa e cereja. Minha pele fará cleck nos seus - cleck – dentes e então me jogue garganta abaixo, nesse abismo sem fim que é viver.
A vida é ácida.
Quimo.
A vida é básica.
Quilo.
A vida é descarga.
A vida é ácida.
Quimo.
A vida é básica.
Quilo.
A vida é descarga.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Arte Conceitual = Mente vazia, oficina do Diabo ou O conto da vovozinha
As palavras que se seguem, decorrem de uma repentina e fortuita parada na capacidade de pensar, um estado meditativo que se apossou da mente de nosso ilustre personagem Martinho, cujo, possibilitou-me de invadir sua mente enquanto esta permanecia no vácuo.
Antes, porém, temos que saber o conceito de vácuo; recorramos à física para isso. Vácuo, ausência total de matéria, no entanto pode ser entendido de diversas formas, pois o vácuo absoluto, que realmente é a ausência total de matéria é apenas teórico, existindo assim, a remota possibilidade de existir o vácuo absoluto em alguma galáxia. Dessas coisas de vácuo só entendo de garrafa térmica que mantém meu café quentinho; essas coisas de galáxias e perdições além me intrigam muitíssimo. Ademais, pensamento é matéria?
Levando-se em consideração que pensamentos são impulsos elétricos e que corrente elétrica é composta por elétrons que por sua vez possuem carga negativa e massa irrisória de alguma coisa elevada à outra alguma coisa, então, sim, pensamento é matéria, e que se somarmos veremos que realmente o papo de que de grão em grão a galinha enche o papo, é realmente verídico e irrefutável. Por que adoram nos inculcar com esses ditadinhos? Sempre tem alguém com esses postulados na ponta da língua ou na ponta da mesa que aproveitam o ensejo e despejam a conta para o azarado que se sentou à ponta.
Voltando ao Martinho após todas essas conclusões científicas.
Martinho, homem de coragem, boníssima pessoa e freguês da mesma padaria que freqüento aos sábados pela manhã, foi lá que o conheci. Homem mediano, esguio e com sobrancelhas delgadas sempre pede um pãozinho com ovo “estalado” na manteiga sem sal acompanhado de um café expresso, coisa de elite. Na verdade isso é tudo o que sei.
Na verdade o Martinho nunca existiu; também, nunca vai à padaria todos os sábados pela manhã, e nunca foi tomado por uma brusca estagnação de sua mente. Mas a proposta é boa, e este conto é arte puramente conceitual, onde a idéia inicial é relevantemente superior ao resultado obtido, e por isso precise de uma legenda, aqui vai:
Idéia do conto: E se repentinamente eu parasse de pensar, o que aconteceria?
Leitor, se repentinamente você parasse de pensar, para onde escoaria essas suas monstruosas dúvidas e lembranças?Ficariam guardadas em alguma parte de seu cérebro ou você permitiria que alguém te invadisse e te roubassem-nas?
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