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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

I returned again – Parte V


Por último, comprei um blusão roxo berinjela e um tênis de couro para ir contra o que eu havia estabelecido há dias atrás. Depois, como se nada tivesse acontecido, estava pondo a casa dentro do carro; em menos de cinco horas estava de volta.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

I Returned Again – Parte IV


Whistler - Arranjo em cinza e preto nº 1 , 1872, Museé d'Orsay, Paris.

É um pouco do resto e um grande tanto de
dois para frente e três para trás:
dois punhados de idas e três de vindas.
Uma valsa armada,
dois cavalheiros e três damas;
duas vistas e três piscadas retribuídas.

Sim, só os feios amarão?

Giram o salão e sorriem, porque há uma vida pulsando.
Uma jovialidade inata no rosto dos pares
e o mesmo passo repetitivo.
Dois passos para frente e três para trás,
uma rodada na saia e um estalar de lábios;
dois beijos no rosto e três escapadelas
pelos fundos do salão.

É um pouco do tanto de nada que tenho suspenso em fios:
Lembranças das danças;
do chão de taco envernizado;
das damas em seus vestidos de cetim;
dos cavalheiros e suas camisas sociais ajustadas ao corpo
e dos gestos previsíveis das mãos que de estúpidas
elevam-se aos ares e nele se enchem de ilusórios
fragmentos daquilo que poderia ter sido.

Sim, só os feios amarão?

Na perspectiva que escorre dos quadros
não há retoque para o que se decompôs;
de todas as tentativas foi como ter arremessado
um balde de tintas;
nas mais promissoras
mudei o tom dos brindes dispostos sobre a mesa.
É como se a mãe de Whistler trajasse vestes em rosa
e no rosto espantasse a velhice.

Sim, só os feios amarão?

Algo lhe denuncia que mudou,
já não se repetem mais os passos de valsa
nem se escuta as composições de Tchaicovsky como antes.
Então, sigo nessa marcha de pequenos retornos,
porque, por algum motivo, sempre acabamos voltando.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

I Rturned Again III

Estou sentado novamente defronte a esta tela branca que o Word mostra, tentando justificar aos leitores a minha existência, e os mesmos tentando encontrar em mim um ponto de fuga onde as linhas acabarão por divergir completamente.

Acabei de escovar meus dentes, tudo como manda os hábitos da higiene bucal para poder estar aqui relatando alguma coisa que eu ainda não sei, apenas sei que mau hálito traz conseqüências horríveis, desde perca de amigos até o fim de um casamento. Outro dia vi isso acontecer, e foi estarrecedor. É claro que existem milhares de outros fatores que levaram a esse rompimento, mas ouvi da boca da esposa: - Eu falei que você me perderia por não escovar os dentes! Acreditam nisso?

Eu acredito porque vi, senão, é claro, nunca que poria fé em situação tão fútil... bom, eu nunca que casaria com alguém que mantivesse hábitos porcos, principalmente em relação a boca. E os beijos avassaladores como aqueles que vemos nas novelas, como ficariam? É certo que não ficariam, ou melhor, não existiriam.

Tenho tanto medo disso. Sempre sonhei que algum dia viria alguém e me restituiria uma alegria que nunca tive, apenas com um beijo e assim viveria feliz apenas com a idéia mal formada sobre o que é felicidade. Porém constato que é sonho e por isso mesmo divago sobre essa paisagem salvadoresca, a qual suscita o lúdico a criar essas imagens de um rosa berrante, meio Priscila, A Rainha do Deserto.

Então, sempre que possível pego um ônibus e saio com minha trupe para fazer algumas performances. Visto um vestido repleto de lantejoulas e subo no palco como uma rainha com a cara empapada de rímel e pó compacto barato, imitando alguma diva da drag music. Após os aplausos retorno, certamente porque, por algum motivo, sempre acabamos voltando.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

I Returned Again II

Já tentei incinerar todas as minhas roupas, meus discos e as imagens carpideiras de Whistler dependuradas na minha parede. Já quis comprar vasos baratos apenas pelo prazer de arremessá-los e lhes ver sendo estilhaçados como coisa imprópria, imunda e que por isso mesmo catártica. Retrocedi em todos estes meus gestos por que me julguei pouco civilizado.

Talvez por isso retornemos às mesmas velhas coisas, uma saudade de se sentir pertencente a algo que aparentemente não se transformou e todos aqueles planos de catarse ficam arquivados neste rastro de possível explosão.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

I returned again

Eu queria mesmo era escalar uma montanha ou pular de pára-quedas, e fiz isso de acordo com as oportunidades oferecidas; trepei nos muros dos vizinhos com um lençol roxo sobre as costas para depois me jogar dos mesmos, e repeti estes meus gestos por durante meses, como uma criança que assiste milhares de vezes o mesmo chato musical infantil.

Por algum motivo nós acabamos retornando às mesmas coisas, no entanto sob uma nova roupagem, às vezes black tie, às vezes trapo-semafórico, às vezes nu como agora, e confesso que sequer quero tapar meu sexo, quero viver exposto.

Você entende?

Por algum motivo nós acabamos retornando...

o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...