terça-feira, 27 de janeiro de 2015

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Pornô III



“Não, essa posição pode machucar!”. Prestes a dar uma boa cavalgada no pau dele, com o cuzinho lubrificado de cuspe, ardendo de tesão, ele me fala isso: “não, essa posição pode machucar! Não viu a pesquisa que eu te enviei ontem? Notícia da Folha, de ontem” enquanto acomodava minhas nádegas em suas coxas para prestar atenção às hipocondrias dele “metade das lesões no pênis decorrem da posição cowgirl” dois homens numa suíte de motel revestida com espelhos, brinquedinhos sobre o aparador, ‘eu cowgirl?!’ “a posição missionário e a de quatro também podem lesionar o pênis” descolei a bunda dalí, não ia perder aquele cuspe todo. Me dirigi ao aparador e catei o brinquedinho “o que você tá fazendo?” abri o brinquedinho, tinha o nome de John, durinho, 23 cm; o apoiei num banquinho, e sentei no John, olhos fixados no espanto do jornalista: vagarosamente sentei gostoso exprimindo um gemido e perguntei “esse aqui também lesiona?”

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Pornô

Sobre o corpo e sua corporeidade ideal: o desejo.

Pornô I

Nos encontramos na praia: eu numa direção, ele na contrária. Já o tinha avistado de longe, mas para que ele não percebesse, dava olhadelas furtivas. Inevitavelmente nossos olhos se cruzaram e nisto fomos obrigados a investir numa aproximação corpo a corpo.

- Oh, Cara, curtindo a praia de manhã?
(meus olhos no sorriso dele)

- De manhã... sol... tá bem gostoso...
(meus olhos no peitoral dele, os mamilos envoltos em pelo )

- Dando uma corridinha?
(meus olhos fingimento cabisbaixo)

- Uma caminhada... tá bem gostoso... a manhã! E você?
(com a língua, organizar os pelos entorno do mamilo)
- Uma corridinha gostosa... manter a forma.
(as minhas mãos resvalando sobre a sua barriga)

- Ah... é bom mesmo, bem gostosa a manhã!
(meu pau endurecendo dentro da sunga)

- Sim... bom te ver, Cara!
(uma impossível luta de comando para permanecer mole)

- Ah sim, bom te ver também!
(ele percebeu?!)

Pornô II

É claro que já o tinha visto, e de fato não era o rosto o que referenciava o reconhecimento, mas sim os mamilos: pontudos e rosados, sem apresentar qualquer distinção entre bico, auréola e a pele do peito, confundidos como depois de uma boa chupada. Imaginei então como fazê-lo distinto: o bico enrijecido; contornando-o, a auréola espocada em poros, delimitando o mamilo do resto. Coloquei-me a chupá-lo, alternando entre movimentos rápidos e lentos; mordidas pinçando o bico impondo-lhe uma posição, a de ficar ali, protuberante como um montículo, um pequeníssimo vulcão em pré-gozo. Consonante aos gemidos desprendidos gradativamente exaltados ao orgasmo, o outro mamilo espelhava-se num prazer simétrico, ao máximo da forma: porque em gozo, tudo se apresenta perfeitamente distinto, até que se consuma e esmoreça disforme.

domingo, 21 de setembro de 2014

o não amor

Lamentavelmente, não posso dar meu amor às moscas ou a outros insetos infestantes:
Às pulgas, aos percevejos e mosquitos
Eu não os posso amar.
Há neste tipo de amor
o comichão, a irritação, o zumbido
ziiiiiiiiii iiii ziii
o contágio.
O contágio que eu não desejo.
O contágio que me impregna do insuportável,
da doença, da loucura, da insônia.
O contágio de palavras na boca sobressalto:
- Você está contaminado!
Corro entre as vielas cerebrais
entre muralhas tornadas cada vez mais altas
ao grito do não

-não, eu não estou contaminado!
Para estar contaminado
eu teria que amar in-decoro
e ser como você,
como os que não são de Deus.

-não, eu não estou contaminado!
Para estar contaminado,
eu teria que me envolver
e eu nunca me envolvi.

II

Lamentavelmente, não posso dar meu amor às moscas ou a outros insetos infestantes:
às pulgas, aos percevejos e mosquitos
eu não os posso amar mais.
Apesar de
já os ter amado,
até me deitado e gozado à revelia;
aberto chagas com as unhas,
pinçado a broca branca do pepino
e comido o aproveitável.

III

Lamentavelmente não posso dar meu amor às moscas ou a outros insetos infestantes.
Há neste de tipo de amor
uma frieza dos diabos,
ou própria a dos médicos,
instrumentistas e acadêmicos intelectuais:
uma frieza de olhar sociológico e profilático,
nunca o de contágio.

IV

Lamentavelmente, não posso dar meu amor às moscas ou a outros insetos infestantes.
Lamentavelmente também, não posso dar meu amor ao ambiente limpo e sadio,
pois há, nisto tudo que implica amor,
um doar-se, um contagiar-se, um envolver-se
que eu nunca tive.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Adesivo

Desgrudou
aquilo que antes joguei água quente,
raspei com faca, esponjei com o lado mais abrasivo,
joguei detergente e soda, a cáustica, a corrosiva;
coloquei no congelador, diagnóstico de chiclete,
disse a doutora...
desgrudou,
assim do nada,
no seu tempo,
na sua manha,

sem dizer nada a ninguém.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

domingo, 10 de agosto de 2014

poema à 4 mãos

com Natalia D'Agostin
Simulacro
Simulação
Espectro
A poesia visionada na luz fragmentada: somos cacos a reluzir
(dez)pedaços multiformes de cintilante

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

de fato, a convivência

De fato a coisa mais poética que você me disse
Que “maçã boa é aquela que abelha pinga mel: a mordida é mais gostosa!”.
De fato, essa a qual mastigo e lhe oferto pedaços, um nojo!
“Esponjosa
Não açucarada
Falta mel!
Um nojo!”

(fragmento)

(...)eu só sei que viver só não consigo(...)
Só – Gustavo Galo

...) sobre o excesso e depois a ausência(... ainda que malquisto nos momentos de excesso, a falta é absolutamente indesejável... uma necessidade viciada de corpo; ainda mais o de gozar... não me aceito amando? Não o quero? Óbvio que o quero em sua completude permitida! E as loucuras permissíveis!. E agora a falta de um corpo e a boca florescida em dor; a serpente, ou outro animal peçonhento que a tudo o que toca faz perecer; ou outro pensamento mesquinho que formulado sobre o meu corpo o adoenta; o que recalcado surge, ressurge fantasmagoricamente para me perturbar à boca de miasmas de pus – a dor purulenta como a dos infestados

(... retrocesso

Talvez devesse dizer mais sobre a dor que me aflige num encorajamento protecionista; o de proteger meu corpo –
barreiras,
sacas de areia,
glóbulos brancos franceses,
Napoleão, Actimel Le LC Défense...
e disse
e o herpes serpenteando florescia por entre as flores cinematográficas: os quadros acelerados de um processo lento; de dias e estações contadas numa única tomada.


Quero perdê-lo de vista dos sentimentos ruins – de me ater girando sob o eixo da minha hipocondria cerebral.
(...)
Vontade estranha de me apaixonar. Ir a outro lugar
dar um rolê por ai
o fora daqui
viver uma novidade.

o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...