quarta-feira, 31 de março de 2010

Epigrama nº 5

Para o blog, uma nova fase. Agora, são eles que dominarão por aqui, estes seres feitos de alguma coisa, nem monstros, nem humanos, nem extraterrestres. Talvez seja o sentimento travestido, talvez fantasias. Espere que ainda não estamos em nenhuma utopia feérica; isto nem é futuro, nem é passado, nem é presente. Aqui o tempo não se conta se escuta
click clock click clock click clock click clock.
e a falta de sentido é o que fará todo sentido.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Estes, os admiráveis

Àqueles que me constrangem
impondo-me outras realidades das quais  me achei forte
o suficiente para enfrentar.
Àqueles que me cavaram buracos e
em seguida me estenderam a mão
em seguida me tiraram o chão
e repetidamente me restituíram uma nova força.
São a estes, os admiráveis,
os vinte e cinco % que busco, ora encontro ora perco.
Estes que lutam por suas verdades a todo custo.
Nestes que me apóio e quando guerreamos
estamos prontos para defender
(nos defender)
esse ponto em comum que nos liga
que perfura quando por algum motivo
pomos tudo isso em dúvida
Vocês são feito da mais pura essência
(não transcenda isso para o divino, deixe na escala humana que é a nossa)
que não poderia descrever a ninguém
porque disso, só intenciono deixar no ar, na mente dos que lêem isso
a certeza que é em vocês que vivo.

Vocês me tiram do eixo e mesmo assim,
atropeladamente
me recomponho.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Derrames V



Depois de ti,
perdi o jeito pro sexo
mordidas equívocas
penetrações incômodas

das sobras:
a disritmia do verso

porque antes segurávamos
a beleza do mundo sobre nossos púbis
e amar se descrevia como nuvens de pêlos

estrelas cadentes, abstrações sentidas
que hoje se descartaram.
Por lembrança te culpo
que não fodo como antes,
sendo angústia
ainda te espero com sensações velhas.

terça-feira, 16 de março de 2010

Derrames III



A partir do terceiro passo
já é rotina
a partir da segunda garfada 
o gosto é familiar
e o que acomete esse poema é sua ausência
misto de saudade, carência e colheres de piegas
angústia de instante 
derrame 
e no fim do quarto passo
já é tudo mentira
me contento ou me adapto:
quem ama nunca perde.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ato de confissão (versão completa e editada)

Ato de confissão (versão completa e editada)

O que choca é a essência
esse contato desmedido provido e primitivo
estado fluído de versos de impacto
dispersados de mim
estado fluído de versos de impacto
imanentes em mim
algo de anima, espírito, ectoplasma.

Ser fluido neste mundo é alerta de perigo
porque dentro o conteúdo transborda
fora, nada contém o conteúdo.
Vendo as vidas se dispersarem por covardia,
as verdades se anulam e se destituem
e o que é singular se abastece de si
vivendo de si mesmo numa breve revolução pessoal.

Depois  disso, Clarice Lispector tem toda razão
o adulto é triste e solitário.


Pós Ato de confissão

Há uma lei na física que nos propõe que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo, contraponho-me, isso é só matéria e esvaesço de mim; enquanto presos estivermos, nada se entenderá de essência.

II

O que choca é a essência
fluído manifesto nos meandros da vida
essa malicia de se pôr pra fora descalço
e não ser mais mar
a partir de então,
ser movimento de pura arrebentação

III

Meu jarro excede
transfigurado em matéria
alagando vizinhanças.
Não há quem me toque
sem tocar a vida.

  Vivo em essência.

Depois disso, dou-me toda razão,
é preciso colidir.

sexta-feira, 5 de março de 2010

a idéia do nosso mundo

a idéia do nosso mundo
a idéia do nosso mundo
a idéia do nosso mundo
a idéia do nosso mundo
a idéia do nosso mundo

Este é o tempo das mentes partidas e dos corações arredios.
Das fomes insassiáveis e das sedes extintas;
é que falta água de tanto nos lavarmos.
É o tempo dos amores feridos e da ausência sem fim.
Dispomos de gatilhos,
trepamos, trepamos e continuamos trepando por trepar,
não que isso seja errado, porque também fodo por foder,
mas a manhã seguinte sempre vem impigida de uma carência maior que a anterior;
assim como se acende cigarros,
um após o outro e permanecemos com os pulmões vazios,
somos a idéia concreta da angústia,
esta sensação de ter perdido algo e nunca se saber o por quê.
Continuamos perdendo, vai-se uns parentes e outros tantos milhões de estranhos,
e graças, não precisamos nos condoer, mesmo:

o mundo já nos dói por si só.

Todavia o mundo não tem peso algum,
o que pesam são as pessoas
o que dói são as pessoas.
Criamos teorias, nos apoiamos em Drummond,
, Lindolf Bell e tantos outros,
por um instante a vida fez sentido e somos belos e sujos,
somos a contrapartida da resposta quando ansiávamos o aceite, porque queremos e queremos e já não queremos mais.
Somos temerários quando deveríamos  não nos arriscar,
covardes quando o que mais a vida pede é coragem.
Elegemos novos ídolos,
pois deus já não faz sentido,
criamos Madona, Lady Gaga, Mika, Chico Buarque, Pelés,
e lhes cobramos ritmos absurdos,
suplicamos um milagre quando a única coisa que podem fazer é afirmar nossos medos,
sem mais respostas.
Estamos perdidos no mesmo caminho,
não há nada demais na liberdade,
alcançada, a busca se intensifica.

É questão de tempo até que tudo se perca
de vez.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Poema Brasileiro

"Depois de tantas idas e vindas nessa busca de ectoplasmas - tornei-me quase um caça fantasmas -, este é um poema despreocupado com tudo."
Beijos do Rafa
Poema Brasileiro


Agora não,
deixe pra depois
que o arroz tá no fogo
e ele pede atenção;
o fogo é alto
a água tá secando
logo, logo é o futuro
com fome de mistura de feijão.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

História Poética II - Espaço



No ponto de partida da dúvida
um espaço que no todo
compreende o espaço,
um tablado onde o teatrólogo
põe suas peças diante do fato.

Há uma rua pela qual caminho
todos os dias, faço-me por merecer
de toda essa quietude que as
persianas abaixadas persistem
em obliterar pequenas loucuras.

Tenho comigo que em algum
dos cômodos têm atores exímios
atuando no ponto de partida da dúvida:
Deixo-a? Fujo? Bato-lhe?
Tomo gim ou uísque? Casa comigo?

E ontem, então, pela fresta vi,

um alcoólatra dar rosas a uma mulher;

algumas damas esperando pelo carnaval
na torre mais alta do moinho;

também, inúmeros palhaços franceses
com narizes de rubro galhofa
apossando-se da pequena cidade
num espírito arrombado.

Todos se cruzam, todos transitam
derrubam pastas, atropelam cães,
e ao acaso dançam no mesmo clube,
só ao acaso bebem no mesmo boteco,
só ao acaso cometem pequenas loucuras.
No embalo, o dramaturgo na sua estréia
como senhor do circo, insiste que
seus palhaços dêem suas cabeças às mandíbulas
leoninas, e num gracejo pedante:

- que comece a brincadeira!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ato de confissão


O que choca é a essência
esse contato desmedido provido e primitivo
estado fluído de versos de impacto
dispersados de mim
estado fluído de versos de impacto
imanentes em mim
algo de espírito, ectoplasma, anima
entende?

Ser fluido neste mundo é alerta de perigo
porque dentro o conteúdo transborda 
fora, nada contém o conteúdo
e as vidas se dispersam por covardia.
as verdades se anulam e se destituem
e o que é singular se abastece de si
vivendo de si mesmo numa breve revolução pessoal.

Depois  disso, Clarice Lispector tem toda razão
o adulto é triste e solitário.



sábado, 13 de fevereiro de 2010

A Palavra se fez carne e habitou entre nós



1

A Palavra quando se fez carne
e construiu seu templo abstrato no deserto
falou primeiro ao poeta, o mesmo em si,
em rompante de excentricidade criou o arcano
do verbo.

2


O Poeta quando se fez palavra
e primeiro letrado emocional
tornou-se num sacrílego,
escriturou depois do teti a teti
um amor subversivo
e todos os herdeiros e suas cromossômicas letras
hoje padecem da dor do não amado.



Lábios devotos debruçados sobre a fôrma alfabética,
a Palavra de tão forte
foi ao mundo dos cegos e surdos e leprosos,
escancarou com túmulos, chegando
onde o poeta e seu prelo não ousam proximidade.
Todos, então,
daqui até a travessia da linha do tempo,
aprenderam uma linguagem equivalente
e inexpressiva destituída de sentido.

4

A Palavra quando se fez carne e habitou entre nós,
sabia que de todo não era tão imbuída de importância
e que sua estadia na Terra seria breve
sabia que as dores e alegrias poderiam ser expressas
por lágrimas e sendo assim se fez dispensável.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O que satisfaz e enjoa



Vou comunicar minha verdade:

sou sua novidade.
E se de cá adiante ali
me torne sua reincidência
se destitua de mim,
porque só sirvo ainda fresco e mal passado.

o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...