domingo, 25 de junho de 2017

Noite de sono

Quero, sei lá... ser livre!
deixar o passado lá
e sair cantando
la ra ra

a gente sabe que é possível!
começa sem muita vontade
num assovio tímido,
quase um chiado;
um rangido de dentes;
uma fresta de luz cortando a escuridão

NUM GRITO

- FALE!

logo estamos rendidos!
um dedo a mais que se mexe
outro corpo contaminado
pelo movimento
que o anima;
outra boca que se abre

num milagre:
um milagre essencial:
por um milagre cotidiano!

Outro Lázaro que ressurge,

tique-taque-taque

desperto da cama,
escovo os dentes,
beberico meu café,
penetro o dia desatado
dos nós
e
deixo-me ir

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Liberdade

se eu passar por esta noite ileso
passo pela seguinte
e pela próxima
também ileso

é necessário a repetição:
a loucura a exige
tanto quanto a liberdade

eu sairei ileso esta noite
e na próxima e próxima noite
eu sairei ileso
também



fora as amarras
do corpo e do sonho
eu já estarei livre

Vazio

criar o vazio
delimitando-o com paredes

ocupar o vazio

dispor alguns móveis,
principalmente
sofás, bancos, cadeiras e chão...

sentar-se nestes
acender um cigarro ou um incenso
ou a lareira defronte

acender

deixar que seja fumaça
que se evole o pensamento
que se espraie a cinza, o corpo e as paredes
átomo a átomo
até ser nada
e tudo
existencialmente

vazio


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Sendo o amor uma escolha

Quando ele me disser vem, não terei medo de ir
estarei pronto o momento que for
sem dúvidas ou medos bobos
:
de todas as escolhas,
o amor
é a que exige mais coragem


sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Medo de ficar Zen

Vou começar a dizer por dizer 
desvairadas palavras 
que pelo corpo 
ricocheteiam 
como trovões ao longe

e não muito longe
quero mais que se foda tudo isso
quero a palavra racional
como tratamento de choque
:
raspar a cabeça
ainda me é a catarse
mais apropriada



Apatia

Isso não é meu.
esses sentimentos embotantes do pensamento e da alma
.

fico parado
observando esse desajuste

e lá de dentro
ouço um rangido
de porta que não se abriu
de engrenagem emperrada
que não girou
mas que marcou no tempo
seu descompasso




terça-feira, 18 de outubro de 2016

sábado, 3 de setembro de 2016

Verticalização

II

No círculo da Bruxa
acenaram positivamente para mim

que sim! sim,

haviam percebido minha chegada
antes mesmo de ali me fazer presente
de me sentir presente

corpo e mente
num      deslocamento  improvável
de despertencimento

nem onde estive, nem onde estava
(...)
embora pudesse lhes trazer à mente
um quadro de Francisco de Goya:
figuras míticas do assombro:

bestas deglutindo crianças
como quem aperitiva pedaços de frango;
bruxas em seu trajes miseráveis
em torno de um diabo a sorrir,
de chifres e guirlandas,
tudo
sobre um fundo escuríssimo
como nos olhos negros
do menino que há pouco vi na foto.







Palavrório de três versos

Convicções
apenas
Co-ficções

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Lá onde os sonhos se tornam pesadelos

Diante da máquina obsoleta
adentrei seu corredor
ladeado de portas
diametralmente opostas.

De um lado,
Desfiladeiro de sonhos!
Do outro,
Desfiladeiro de sonhos!
E na minha arrogância,
Ousei ser maior que a

Morte.

o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...