terça-feira, 19 de julho de 2011

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pouco agora me importa a idade das coisas


Pouco agora me importa a idade das coisas
ou a idade do seu corpo
que ainda divisa entre o jovem-adulto.

Me importa é a idade das suas mágoas
e dos seus sonhos frustrados
que lhe trouxeram até mim.

sábado, 2 de julho de 2011

ego


Interesso-me muito pelo o que os outros dizem,
e pelo o que não dizem, mais ainda.
São sempre uns intrometidos:

Falam do meu bigode que precisa ser raspado
(raspo quando quiser voltar à civilização)

do cabelo fora de ordem
(penteio se houver necessidade)

Das unhas incrustadas em sujeira
(limpo-as antes de cortar os legumes)

E me julgam por tudo
porque me querem melhor do que eu mesmo me quero.

O último me chamou de frio.
Imagine:
eu frio?
Só porque não sei amar de forma arbitrária,
ou me queira deitado com qualquer um,
que isto vá corroborar a idéia.

II

Interesso-me muito pelo o que os outros dizem,
principalmente os amigos.
Ah! Os amigos sempre nos encorajando
com suas próprias ânsias:
“vamos, não tem nada a perder!”
ou
“vamos logo, se dê uma chance”
ou
“daqui a pouco a sua irmã casa, seus pais morrem, e eu, seu amigo,
parto e você fica aí pra titio”.
.
.
.
Mas o que seria de nós sem os bons amigos
e suas baboseiras de motivação?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Saturno

Não que me falte matizes
mas prefiro que minha vida
se construa em preto e branco;
há um quê de elegância conferida
por este minimalismo.
Cor nos engana, tecnicoloriza-nos,
mente-nos um mundo mágico
palco de lata-palha-Dorothy-coração,
caminho dos tijolos amarelos e
sapatinhos feéricos.
Só numa plúmbea escala é que existimos,
revestidos de um película tênue
que destaca a transparência das taças
herdadas como o sêmen-óvulo branco que
me fez como sou

homem saturnizado pelos anéis de Cronos
paralisado no tempo de um
                                       clique.

domingo, 1 de maio de 2011

Sobre o novo layout: sequência

Seqüência

Encontram-se num beijo.
Depois se afastam.
Ficam sozinhos.
Reencontram-se.
Re-beijam-se.
Ele se despede dEla.
Ela encontra Outro.
Outro a beija no rosto.
nEla fica um pouco do beijo do Outro.
Despedem-se.
Ele e Ela se reencontram.
Ela o beija com gosto do Outro.
Ela não suporta.
Ela abandona Ele.
nEle fica o gosto dEla.
nEla o gosto dEle e do Outro.
No Outro não ficou gosto dEla. 

terça-feira, 26 de abril de 2011

Sinestesia

É preciso que o poema estale na boca e no palato exploda
que nos olhos evapore e derrame
ascendendo aos ouvidos
e encharcando o corpo.

o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...