segunda-feira, 6 de outubro de 2008

I Rturned Again III

Estou sentado novamente defronte a esta tela branca que o Word mostra, tentando justificar aos leitores a minha existência, e os mesmos tentando encontrar em mim um ponto de fuga onde as linhas acabarão por divergir completamente.

Acabei de escovar meus dentes, tudo como manda os hábitos da higiene bucal para poder estar aqui relatando alguma coisa que eu ainda não sei, apenas sei que mau hálito traz conseqüências horríveis, desde perca de amigos até o fim de um casamento. Outro dia vi isso acontecer, e foi estarrecedor. É claro que existem milhares de outros fatores que levaram a esse rompimento, mas ouvi da boca da esposa: - Eu falei que você me perderia por não escovar os dentes! Acreditam nisso?

Eu acredito porque vi, senão, é claro, nunca que poria fé em situação tão fútil... bom, eu nunca que casaria com alguém que mantivesse hábitos porcos, principalmente em relação a boca. E os beijos avassaladores como aqueles que vemos nas novelas, como ficariam? É certo que não ficariam, ou melhor, não existiriam.

Tenho tanto medo disso. Sempre sonhei que algum dia viria alguém e me restituiria uma alegria que nunca tive, apenas com um beijo e assim viveria feliz apenas com a idéia mal formada sobre o que é felicidade. Porém constato que é sonho e por isso mesmo divago sobre essa paisagem salvadoresca, a qual suscita o lúdico a criar essas imagens de um rosa berrante, meio Priscila, A Rainha do Deserto.

Então, sempre que possível pego um ônibus e saio com minha trupe para fazer algumas performances. Visto um vestido repleto de lantejoulas e subo no palco como uma rainha com a cara empapada de rímel e pó compacto barato, imitando alguma diva da drag music. Após os aplausos retorno, certamente porque, por algum motivo, sempre acabamos voltando.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

I Returned Again II

Já tentei incinerar todas as minhas roupas, meus discos e as imagens carpideiras de Whistler dependuradas na minha parede. Já quis comprar vasos baratos apenas pelo prazer de arremessá-los e lhes ver sendo estilhaçados como coisa imprópria, imunda e que por isso mesmo catártica. Retrocedi em todos estes meus gestos por que me julguei pouco civilizado.

Talvez por isso retornemos às mesmas velhas coisas, uma saudade de se sentir pertencente a algo que aparentemente não se transformou e todos aqueles planos de catarse ficam arquivados neste rastro de possível explosão.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Casualidade Numa Tarde Qualquer

Já olhei suas fotos milhares de vezes
como que procurando encontrar no seu rosto
a expressão de quem deseja alguma coisa
que ainda não sabe ao certo.


Já vasculhei seus gostos
e os revirei para sacudir a poeira que
debaixo estava.

Correria para encontrá-lo
não porque o amo,
não!

Eu definitivamente não passei a amá-lo
assim repentinamente, no entanto
confirma em mim uma admiração irrefreável
por ti.
Tua imagem sem saberes,
me consome como paixão,
e paixão é fogo-fátuo, assistencialismo:

-Arregace as mangas, guri, e faça algo.
Encarregue-se de ser o seu próprio herói.
Salve-nos dessa pureza.

o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...