terça-feira, 11 de outubro de 2011

Uma visão sobre a psicanálise


Eu te amo tanto, mas tanto, tanto. Te amo com a força de um pênis ereto; de uma vagina molhada. Te amo ainda mais quando me masturbo, e como numa sessão espírita, veicula-me teu espírito etéreo no meu fazendo-me gozar nos ladrilhos do banheiro.

Eu te amo de forma imoral, de forma romanceada e restrita como amo a minha mãe. Lembra quando te chamei de “mãe” ao invés de “amor”? Acho que não percebeu, porque na realidade a palavra “amor” veio vinculada à “mãe”, escapulindo num “amorãe”. Senti-me tão envergonhado por saber da raiz do meu amor, que para suplantá-lo, coloquei sua estátua no meio da sala e devotamente passei a mão no seu pênis. O que não adiantou; eu continuei nesse amor materno improfícuo que borrava tua imagem.

Disse-me:

- eu sou tão parecido com seu pai...
só quero seu bem, filho...
quero me orgulhar do filho que tenho.

Eu:
 
- Oh pai, e sabe você que também quero te dar orgulho? Um orgulho que não desmereça a nossa hereditariedade máscula, que não destitua nossa função de fecundar, de dar vida; de manter o clã renovado, mas repetindo os problemas habituais do círculo, porque o habitual é mais fácil de suportar.

(...)

Sempre é melhor aquilo que eu posso suportar, pai. Engraçado é que quando me dirigi a ti agora, simbolicamente prostrei-me como uma criança ajoelhada ao lado da cama pedindo proteção ao anjo da guarda, pois seu amor adquirira o peso dos céus.

Eu:

- não te amo mais! (pai)
- não te amo mais! (mãe)
- não te amo mais! (você)

domingo, 9 de outubro de 2011

Quero um problema com seu nome


Quando eu afirmei: escolho a lamentação! Afirmei também tantas outras coisas. Disse, escolho a lamentação, assim como escolho o desamor, o desassossego, a minha desordem. Eu afirmei escolho a lamentação ao mesmo instante que inundado por sua paixão sagitariana, eu escolhi o ódio como eixo de roda, giro de vida, força motriz retórica das quedas d’água.

Porque o que mais nos aproximava era aquilo que detestávamos um no outro, e fazia-nos travar batalhas dialéticas que só se resolviam no sexo. Ainda assim, havia uma competição inata de quem seria ativo ou passivo, então optávamos pelo troca-troca para que ninguém saísse perdendo. O grande problema é que no fim de cada luta, saíamos conscientes de uma ruptura próxima.

Então a ruptura catártica.

A ruptura que me encaminharia pra esta vida careta, mas promissora que levo. Sem cigarros, nem alcoóis, gorduras trans e saturadas, exercícios físicos regulares, dois litros de água e sorriso branco. Tudo o que você me pediu e naquele momento não me fazia sentido... agora só me faz sentido porque tais hábitos configuram-se numa vingança sutil de ostentar a minha liberdade.

(...)

A minha liberdade é que não fazia sentido contigo, tal como não me faz sentido explicar qualquer coisa agora que você não está por perto para me resolver sexualmente... e talvez um dia, eu entenda, - entendimento fora da filosofia, da semiótica, da porra da psicologia -, o porquê de sentir saudade daquilo que na maior parte do tempo quis que estivesse ausente.

sábado, 8 de outubro de 2011

Padrão de amor


A primeira coisa que disse ao meu novo namorado foi:
Tu és tão parecido com ele?
Até no jeito de sentar,
De caminhar meio torto
E de pousar os talheres
Dando pausas entre as mastigadas.

o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...