domingo, 12 de julho de 2009

As Certezas - Parte IV

É aqui que a ampulheta vira
trocando a noite por brechas de
luz.

Algo, sem vontade,
fica para trás e retornar se faz impossível.
Um poema que incitava versos certos,
termina sem fim, inacabado,
e um poema inacabado é como
um poeta que morre e deixa como herança
qualquer linha sem real importância.

Um poema fracasso.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

As Certezas - Parte III

O certo mesmo,
é que as certezas são incertas,
casuais e imprevisíveis porque se adiaram
por mais um dia.
Risco no meu calendário
de vermelho,
contabilizo menos um.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

As Certezas II

Pior que a morte,
só a certeza da morte,
a certeza ainda em vida que
não tarda a morte a nos arrancar
este aglomero de pele.

A certeza do passado,
do tempo,
dos dentes de leite,
da menstruação,
da unha,
das pregas,
dos intestinos,
da próstata,
da mama,
da bexiga,
do câncer,
da tristeza,
dos arrependimentos,
dos tapas,
do aborto às idéias,
das dúvidas,
das interrogações,
da dor abrupta de barriga,
do desenlace das mãos para dar fim
à ciranda,
fim à cantiga
sem pedrinhas de brilhante,
sem príncipes
e com meu gato morto à paulada,
e com menos um dia para viver,
porque o relógio já faz prelúdio
à contrição.

o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...