quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Você poderia fazer alguma coisa de vez em quando

Venho por meio deste esclarecer algumas situações pendentes. Críticas e proposições seguem abaixo:

Estou exausto de tanta espera que tua boca provinciana propõe. Essa sua paciência em resolver as coisas tem nos tirado inúmeras horas de prazer. Não quero mais essa contagem regressiva que nunca chega a um ponto de transição, as fronteiras se afastam e quanto mais risco os dias no meu calendário o tempo como agente relativo me vira como a uma ampulheta e quando vejo estou de volta com os ouvidos grudados ao telefone lhe ouvindo pedidos de desculpas e cobranças de compreensão.

Entender? Entender quando não há nada a se entender, é extenuar as forças e como já citei anteriormente, estou exausto, meu corpo já sintetizou todo o estoque de carboidratos; estou na reserva e não é nessa sua permanente ociosidade que reporei o que se exauriu.

Dito isto e na espera, como de costume, de resoluções, termino este.

Eu.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Agora Entendo



“Que a vida é maior que o fato
A força maior que o ato”
(Autor desconhecido)


O mundo urge, alguém já deve ter dito isso da mesma forma, no entanto é preciso começar isso por algum caminho que já foi trilhado para que seja de acesso para todos, ou não, pois isso é despretensioso de ser compreensível para o todo, dirijo-me a alguém em especial.

Abram-se os matagais à facões,
precisamos passar.
Necessitamos correr como forasteiros
por entre essas terras já batidas;
semear nosso grão de puberdade
e do chão fazer brotar pequenas revoluções
pois, que são essas que mudaram o mundo.
Mas o mundo urge, e urge porque tem fome
assim como nós temos por lhe desvendar.

A fome move o mundo, é a engrenagem propulsora de produção, o que Marx provavelmente em algum momento de sua enfadonha retórica deve ter citado, mas aqui é que são abertos os matagais e fixadas as placas de “passei por aqui”; é aqui que a vida se torna maior que o fato, e a força inevitavelmente maior que o ato.

sábado, 18 de outubro de 2008

A Infinita Mentira do Ser


IV – O Remorso do Eu


O mundo gira. Não foi preciso que mandassem foguetes carregados de gente para se certificar disso. Eu sabia muito bem que no momento em que se aproximou do outro Eu – primeira rotação – com intenções de revelar que o amava e não fazendo isso – segunda rotação – descobrira que perdera a chance de embarcar numa viagem rumo ao cosmo.

“Aproximei-me com tal zelo
mas com a palavra na boca
quase que sendo cuspida antes mesmo de
lançada.
Os instantes, e as figuras
átomos a átomos contrapunham-se na minha frente
e queria o outro Eu; queria amá-lo,
queria tê-lo como quem tem a uma poltrona barata.
No entanto, resta-me um disco de Edith Piaff,
toco-lhe e ouço alguém suavemente resvalar de sua boca
um ‘não me deixe só’
e eu reciprocamente lhe digo:
‘Nunca!’.”

V – O Retrocesso
Assim sofre Eu sem saber do que o outro Eu pensara dele quando o vira também. Talvez tivessem ambos amando um ao outro naquele instante, mesmo que por influência de Vênus e sua rebuscada beleza. Talvez tivessem se amando e isso seria maravilhoso, mas aí isso não seria um conto, seria Walt Disney e suas princesas branquinhas com lábios vermelhos esperando pelos seus príncipes com suas espadas soerguidas.

Desculpem por não saber o que aconteceu com o outro Eu no momento do encontro entre os dois, o que sei, são meras alusões de possíveis relações e o que eu posso dizer é: o mundo retrocede, e não é preciso que os foguetes voltem a Terra para nos assegurar da nossa infinita mentira do ser.

o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...