domingo, 29 de agosto de 2010


Esqueça a modernidade:
o contemporâneo é orgânico.

Não é preciso que se forjem chegadas e partidas,
nem que se coloque o homem dentro
de máquinas de aço e se precipite o processo:
das mãos surgirá naturalmente
o ser instintivo, àquele,
que de pré-histórico se resignou.
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Poema também publicado no blog de Sylvia Beirute. Sylvia, muito obrigado pelo gesto.



sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Na barca dos amantes

Na barca dos amantes
todos chegam atrasados
com pressa de partir.
Por isso navegam disparates
e condenam-se
por erros que nunca existiram
senão porque os queriam.
Para estes apressados,
torço que se afoguem antes
de atracarem num porto seguro.
Pois do meu amor
quero a paciência de remar distâncias
e a eternidade possível
que se pode conter entre as mãos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Quando entendia sua fome



põe aspereza sobre meu corpo; põe lixa.
põe também cacos, facas e espinhos.
põe sua fome e me enterre os dentes
que na boca exaltarei meu regalo.

variável

põe aspereza sobre meu corpo; põe lixa.
põe também cacos, facas e espinhos.
põe sua fome e me coma como antes
que exaustos, estatelávamos a boca em regalo.

variável

prefiro que salpique sal com pimenta
do que me destempere.
-bom é quando lhe colocam com fome no prato.


o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...