terça-feira, 1 de julho de 2014

Mamão papaia


I

Será de sagitário?
Meio homem ou meio cavalo
O que atrás de mim
Se percebe
E me põe arrítmico?
a pulsação e o pensamento incontidos,
as veias dilatadas
o estômago em pontadas...
e você nem imagina.

II

Claro,
Você só pode ser de sagitário.
Porque do contrário,
Como poderia meu corpo
Reconhecer amor em si?
Eu, que amo tão limitado,
Por ser condicionalmente limitado,
Como poderia?
A não ser que seja irrefutavelmente
Sagitariano,
signo de homem-cavalo
dialética infinda entre corpo e razão,
como poderia?

III

E você nem imagina
Das fantasias tecidas
Das elucubrações divagadas
Entre céus e terras
O inferno que nos testa
De paisagens verdejantes e áridas
O abundante e o outro também abundante
Porque é da tua pele e pelo
A que me refiro

Teu corpo
Onde não habita a escassez

IV

Fluido e enérgico
Leitoso ou lacrimoso
Verte de si
Tudo aquilo
Que me brota

V

Soubesse
Que estes versos em você são brotados
Insurgiria por entre suas cobertas
Revelando o seu signo.

VI

Não mentirias mais
Seu signo verossímil

VII

Nem imaginarias de outra forma
O signo que deposita sobre seu sexo
Ou entre as dobras das barras
Do seu calção mamão papaia
Que entrecorta suas pernas peludas
E seu all star botinha branco encardido

VIII

de que lhe interessa?
Porque a mim muito me interessa.
Interessa revelar-lhe o meu amor
Ainda que velado entre as suas dobras
De silêncio e distância mamão papaia

IX

Mas que diabos seria a cor mamão papaia?
Cor primária contrastante na sua pele
Ou cor de esmalte tendência comercial para o próximo semestre?

X

As minhas unhas pintadas de mamão papaia, a fruta.
A que repartida me lembra do inverso de uma buceta,
Negros pelos de margem e seu meio rosa avermelhado,
Mamão papaia,
Sua suculência entre os meus dedos.

XI

É desta cor que seu calção fala?
Da cor que se abre e recebe?

XII

Isso tudo me põe confundido,
Porque também suponho que esteja.
Centauros, mamão papaia e buceta
Põe qualquer um confundido.

XIII – epílogo

Mamão papaia,

é de corpo de homem que falo. Do seu corpo que é o meu desejo, mas desejo, por ser complexo demais, foge-me sempre a imagem; e por isso ainda mais é o seu nome e seu signo o meu desejo. Transformo tudo em prosa, pra ficar feito carne picadinha em cubos, tudo explicadinho, sabe? Para que, por uma vez por todas, saiba do meu amor por você... se falei em buceta e não cu de homem, perdoe-me, buscava uma imagem para a cor do seu calção mamão papaia e buceta foi o que mais se aproximou... sabe como é, dos cus que vi e lambi por ai, a maioria é arroxeado, como se se recuperassem de uma porrada...

Viu só as divagações tantas... mas maior é o seu silêncio, aposto!

Com amor, 

Mamoeiro.


Um comentário:

  1. Céus, Rafael, que coisa linda! Você me roubou as palavras, os signos, me roubou o suspiro!

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o oco cheio de vazio

é que não posso ser porque não me pertenço não sou de mim mesmo: nem o corpo ou a fala nem o membro, nem a língua   nem o próprio gozo apree...