terça-feira, 17 de setembro de 2013

ZRO HRA

Por isso a demora no reconhecimento da face: a sua distância prolongada. Veio até mim e se foi como num rapto. 

A tua face igual, mas não reconhecível. Tentei recordar como te chamava antigamente, mas já me é impossível. Cruel esquecimento. E não é proposital, é que a vida me escapa.

A vida me escapa ou me prende de uma vez: um olhar distante tocando os muros de pedra enquanto mastigo como se não fosse sólido o que como e engulo. Não sei aproveitar o que me é dado, tampouco aproveito o que conquisto. 

Fiquei dias sem fumar, dias sem beber, dias de zero hora. As horas meditativas em que se sente cada vagaroso minuto e não se sente absolutamente nada. Chorei, dancei, ri! Falei nada, falei tudo, mas nada abrandou, nada arrefeceu!

Surge a ideia de fazer muito. Algo que ocupe todo o meu tempo, para que eu me sirva das horas. Ler? Escrever? Desenhar? Trabalhar? Aprender... vou me formar num verbo infinitivo, nada mais.

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