segunda-feira, 19 de março de 2012

Espontaneidade


Se eu sou espontâneo? Claro que não. Perdi minha espontaneidade há tempos, e não saberia informar a data precisa, nem a faixa etária em que me encontrava quando deixei de rir para parecer educado, ou ri pelo mesmo motivo.

Não há nada de errado com a educação, ao contrário, acho muito bonito quem se serve dos bons modos transparecendo espontaneidade. Exatamente quando alguém exclama palavras chulas sem ser vulgar. Os extremos que tornam as pessoas verdadeiras mesmo quando condicionadas.

Escrevo sobre espontaneidade, delicadeza e vulgaridade. Escrevo sobre mim, que sem delicadeza perde a espontaneidade sendo vulgar. Não há um gesto em mim que não seja ofensivo, que não seja mentiroso ou dissimulado. Desde o sorriso aos bons modos na mesa, tudo muito falso, tudo muito inadequado.

- Se eu sou espontâneo?
Claro que sim.
Quando estou drogado.

2 comentários:

  1. é exatamente por isso que tenho tantos problemas com a polícia... ando sendo espontâneo vezes demais. huehehe

    Sinto um quê de rebeldia não muito espontânea na forma como tu escreve, e uma atitude espontânea o bastante pra eu acreditar que um dia você vomitou esboços drogados desse escrito.
    e sempre tive fé na tua desdosagem.
    "os meus heróis morreram de overdose"

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