quarta-feira, 11 de novembro de 2009

História Poética I























O poema a seguir faz parte de um projeto de livro, ainda inconcluso, de história poética. A moça de cima (abaixo) se chama Marina. Vamos lá.

Marina, a concubina


No fremir do aço
o tempo rui à surdina.
No vergar do osso
a flexibilidade de Marina.
Às sete da manhã acorda, sem endosso
estica seus músculos, a menina,
busca a gélida água no poço
banha-se, então, ferina.
No fremir das asas
Marina deixa sua casa,
no caminho sinuoso
pé ante pé, pisa num mundo falacioso.

Fernando, o pierrô

A capa ao chão farfalhando
lá vai Fernando, o pierrô italiano.
Tem-se em vestes ingênuas
eclipsando suas luxúrias,
carregando seus sonhos pelas ruas.
Ri-se e faz-se alegre no caminho
transeunte, em busca do moinho.
A capa a estrada farfalhando
aos reis pedestres encenando
o Insano-Fernando,
literalmente amando.

Moinho, fica no caminho

Fora desativado a moagem do grão
cedera espaço aos atos heróicos da paixão.
Ansiara por ventania, chegara a concubina.
Pierrô atrasado, ela logo não se conteria;
-sabe quem ama da fugacidade do tempo -.
Então, adentra Fernando e busca Marina,
em devoção sibilante,
numa destreza abstratamente
amante.

3 comentários:

  1. A junção dos poemas concatenando os temas aparentemente alheios, provoca no leitor um súbito atordoamento. Mas quando nos recuperamos admiramos a classe e o conteúdo do escrito. Ótimos textos.

    Um abraço !

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  2. adorei novamente esse seu (s) poema (s)... vai ter mais desse projeto de livro?? espero que sim! bjs

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  3. história poética parece promissor, cara... a história segue toda em verso ou em prosa tbm?... os 'personagens' carregam um lirismo q vem mto mais do olhar sobre eles do q de si mesmo... acho isso brilhante...

    *ah, qto as suas indagações no meu blog, queria agradecer por elas... acabei respondendo elas lá mesmo... acho q esse tipo de discussão é fundamental... valeu mesmo...

    espero q vc passe por lá novamente com novas observações...

    abs-ão.

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